30 abril 2018

Um manifesto político e ideológico em ouro à Portugalidade

Foto de Nova Portugalidade.


A Custódia de Belém, a grande obra prima da ourivesaria portuguesa do Renascimento, hoje presente nas colecções do Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, foi realizada pelo mestre-ourives Gil Vicente, o dramaturgo a quem se atribuiu a paternidade do teatro português. A peça em ouro e esmalte com 73 cm de altura e pesando seis quilos, foi encomendada por Dom Manuel I e destinava-se à Capela Real. Na base inscreve em friso "o muito alto príncipe e poderoso senhor Rei Dom Manuel I a mandou fazer das páreas de Quíloa", ou seja, o ouro proveniente do pagamento feito pelo Rei de Quíloa (Kilwa, hoje na Tanzânia) em vassalagem ao Rei de Portugal.

A peça, em forma de coluna em estilo gótico que lembra uma árvore que ascende aos céus e anuncia a arquitectura do que viria a ser o Mosteiro dos Jerónimos, apresenta serafins, os doze Apóstolos, a pomba do Espírito Santo em ouro esmaltado em branco e o Deus Pai que sustém o universo. Na base da coluna, as duas esferas armilares de D. Manuel representam o mundo natural e o mundo sobrenatural, alicerces da ideologia manuelina da Expansão.

29 abril 2018

Santidade para todos, santidade em saldo?

Um santo não é um cristão excepcional, mas um não-santo é um cristão fora do normal, porque a santidade é a normalidade da vida cristã.

O Papa Francisco, pela exortação apostólica Gaudete et exsultate, sobre a chamada à santidade no mundo actual, agora publicada, recorda que a perfeição da vida cristã é para todos. Quer isto dizer que a santidade cristã está em saldo?
Poucos foram os fiéis reconhecidos como santos pela Igreja, se comparados com a totalidade dos cristãos. A razão prende-se com a exigência do correspondente processo canónico que, não só requer a demonstração de que o candidato aos altares viveu heroicamente todas as virtudes cristãs, mas também a prova científica de um facto extraordinário atribuído à sua intercessão. Como, em geral, estes milagres são de natureza médica, é imprescindível que uma competente autoridade clínica, de preferência não confessional, declare que a cura obtida não teve, nem poderia ter, explicação natural, em cujo caso não serviria para o efeito.
É verdade que a prova do martírio é mais simples, porque basta demonstrar que a morte foi causada por ódio à religião, como foi a do Padre Jacques Hamel, barbaramente assassinado em pleno altar, a 26-7-2016, por terroristas islâmicos, em Saint-Etienne-du-Rouvray, França. Talvez também seja o caso do igualmente francês tenente-coronel da polícia, Arnaud Bellarme, que, apesar de ter sido maçon da Grande Loja de França (Jornal i, 26-03-2018), estava em processo de conversão ao Cristianismo e preparava-se para contrair matrimónio católico, com a mulher com quem já estava casado civilmente. Como S. Maximiliano Maria Kolbe, que foi morto a 14-8-1941 em Auschwitz e que a Igreja venera como mártir, também Bellarme deu heroicamente a sua vida pelo próximo.
São relativamente poucas as pessoas que são beatificadas ou canonizadas, mas convém não confundir a santidade cristã com esse reconhecimento formal. Ou seja: quando a Igreja católica a todos os fiéis convida à santidade – nomeadamente pela exortação apostólica Alegrai-vos e exultai, do Papa Francisco – não banaliza a santidade, porque a todos é pedida a perfeição da caridade no exercício do apostolado cristão. Que a excelência da sua virtude venha, ou não, a ser posteriormente reconhecida pela máxima autoridade eclesial é, na realidade, de somenos importância. Até porque a glorificação de um fiel serve, precisamente, para promover a santidade e não o próprio: não se chega a santo pela ‘vaidade’ de sê-lo, mas por amor a Deus e pelo serviço aos irmãos.
Mas, o que é a santidade? É frequente ouvir-se dizer: ‘Eu cá não sou santo nenhum!’ Dizem-no os que assim se desculpam dos seus defeitos mas, mais do que desculpa, essa afirmação, dita por um cristão, é uma confissão de culpa, porque todos os fiéis deveriam ser santos e, se o não são, é por sua única responsabilidade, pois a graça do baptismo e demais sacramentos é suficiente para o efeito. Um santo não é um cristão excepcional, mas um não-santo é um cristão fora do normal, porque a santidade é a normalidade da existência cristã. Os primeiros cristãos assim pensavam e diziam: tratavam-se por santos e, de facto, muitos deles vieram a ser mártires da fé.
Outro equívoco comum é o de supor que os santos o foram porque fizeram coisas que não são deste mundo. De um santo esperam-se aparições e visões, êxtases, grandes jejuns, penitências insofríveis, curas espantosas, vozes estranhas e levitações … E, quando nada disso constava na biografia de um bem-aventurado, não faltavam hagiógrafos menos escrupulosos que inventassem fenómenos rocambolescos. De São João de Deus, apesar de ter nascido normalmente numa família alentejana, disse-se depois que, quando foi dado à luz, resplandeceu um clarão incrível em Montemor-o-Novo, sua cidade natal, ao mesmo tempo que, misteriosamente, começaram a repicar os sinos da terra, anunciando o nascimento do santo …
Desde tempos imemoriais, a Igreja teve a preocupação de expurgar as hagiografias de tudo o que, por não ser verdadeiro, afasta os santos do comum dos mortais. De nada nos servem colecções de super-homens ou de ‘misses’ mundo da santidade se, afinal, nada têm a ver connosco. Precisamos, pelo contrário, do exemplo de gente comum que, apesar das suas imperfeições, alcançou o ideal da caridade cristã.
Assim eram, com efeito, aqueles primeiros santos que o próprio Cristo escolheu para seus discípulos. Homens e mulheres normais, que nunca deixaram de o ser. Eram pecadores – como Maria Madalena, Pedro e Paulo – mas maior foi a sua caridade, porque a santidade não radica tanto na ausência do pecado, como na grandeza do amor. Por isso, Jesus de Nazaré preferiu a mulher que amou muito, mesmo tendo sido pecadora, em detrimento do irrepreensível fariseu, que talvez nunca tivesse cometido nenhuma falta grave, mas que pouco amava (Lc 7, 36-50). A santidade cristã é isso: saber-se infinitamente amado por Deus e amar Deus e os outros com esse mesmo amor.
Este nosso mundo tem muita necessidade de santidade, precisamente porque tem uma enorme carência de amor. O aborto, a guerra, o divórcio, a eutanásia, etc., são os pecados do egoísmo e do desamor: não se superam só com melhores leis, mas sobretudo com mais caridade, ou seja, mais espírito cristão, mais santidade.
Todos os domingos e festas, a Igreja canta a Deus: “Só vós sois o Santo”. Só Deus é santo: as criaturas apenas participam da santidade divina e, por isso, não são adoradas, mas apenas veneradas. Também se honram os notáveis da pátria e se preza a memória dos familiares defuntos. A Igreja é um povo que louva os seus heróis e uma família que não esquece os seus melhores filhos.
De todas as criaturas santas, há uma só que mereceu o superlativo da santidade: a ‘santíssima’ virgem Maria, mãe de Jesus. E, contudo, não só nunca foi beatificada, nem canonizada, como também não se lhe conhece nenhum milagre, porque até o das bodas de Caná não foi feito por ela, embora por sua intercessão. Porque é, então, ‘santíssima’?! Porque, mesmo não tendo feito coisas extraordinárias, tudo fez extraordinariamente bem, ou seja, com muito amor a Deus e aos homens!
Fonte: Observador

27 abril 2018

Autarcas Monárquicos entregam Medalha de Honra a Miguel Albuquerque



A APAM - Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos, de Braga, distinguiu o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, com a Medalha de Honra, a mais alta condecoração da instituição.
A condecoração, que foi entregue pessoalmente pelo presidente da APAM Manuel Beninger, teve em conta “os altos serviços prestados ao país, e, em especial, ao labor que tem desenvolvido em prol da autonomia e do desenvolvimento da região autónoma da Madeira”, refere um comunicado da APAM, que sublinha o facto de Miguel Albuquerque ser conhecido pela sua simpatia para com a causa monárquica.
A Medalha de Honra havia já sido entregue a D. Duarte Duque de Bragança, Chefe da Casa Real de Portugal, a Mário Vaz, Presidente da República da Guiné-Bissau, e a D. Luís de Orleães e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, entre outras individualidades.
A Associação Portuguesa dos Autarcas Monárquicos é uma associação que reúne autarcas eleitos de inspiração monárquica numa vertente multipartidária.
Segundo Beninger “a APAM tem como objectivos principais os da criação de laços de cooperação entre os municípios onde participamos em especial no âmbito da ecologia, história, cultura, acção social, empreendedorismo e turismo, bem como na capacitação dos autarcas e na defesa de uma democracia plena”.
A Associação prima pela transversalidade em termos políticos, sendo a única em Portugal com este cariz, o de albergar no seu seio membros de vários partidos.

Fonte: dnotícias

26 abril 2018

Portrait de la reine Amelie de Portugal



Portrait de la reine Amelie de Portugal (1865-1951), née princesse d’Orléans, épouse du roi Charles de Portugal. Il s’agit d’une oeuvre du peintre Crocus qui est exposée au musée des carosses à Lisbonne.
En 1908, son époux et leur fils aîné le duc de Bragance sont assassinés. La reine parvient à défendre son fils cadet Manuel, dernier roi de Portugal de l’attaque grâce à son bouquet de fleurs. La famille prit le chemin de l’exil en 1910.

25 abril 2018

Os portugueses são livres e não sabem ser outra coisa

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Independência, liberdade, quer dizer vida; e vida quer dizer – concordância entre o meio e o fim, obediência do condicional ao absoluto, sacrifício do inferior ao superior, do criador individual e animal à criatura espiritual.

O antigo português foi livre no sentido verdadeiro da palavra. As descobertas nasceram da sua própria força criadora. Nas cortes, falava, rosto a rosto ao Príncipe, e a sua lança, cravada na fronteira, assegurou a Portugal a nobre independência garantida pelo espírito de sacrifício.

Portugal foi livre, enquanto foi português nas suas obras; enquanto soube realizá-las, obedecendo apenas à sua Vontade vitoriosa.
Sem actividade criadora não há liberdade nem independência. Cada instante de liberdade é preciso construí-lo e defendê-lo como um reduto. Representa um estado de esforço alegre e doloroso; alegre, porque dá ao homem a consciência do seu valor; e doloroso porque lhe exige trabalho nos dias de paz e vida nas horas de guerra.
A escravidão é feita de descanso e de tristeza.

Teixeira de Pascoaes in «Arte de Ser Português».


24 abril 2018

Reais conversas



É já na próxima Sexta-feira, dia 27 de Abril que terão lugar na Casa da Cultura da Ponte da Barca, sita na Rua Dr. Joaquim Moreira de Barros, n.º   40, as “Reais Conversas com...” os Eng.ºs António de Mattos e Silva, António Borges Taveira e José de Mattos e Silva, subordinadas ao tema “Fernão de Magalhães, as Terras da Nóbrega e outras histórias…” para as quais convidamos, desde já V.ª Ex.ª, a honrar-nos com a sua presença.

No dia em passam 497 anos da morte deste ilustre navegador, venha participar nesta tertúlia e fique a saber qual ligação entre Fernão de Magalhães e os Magalhães, Senhores da Ponte da Barca.

A moderar esta Tertúlia estará a Dr.ª Maria José Gonçalves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca.


Não Falte! 

Organização: Real Associação de Viana do Castelo e Câmara Municipal de Ponte da Barca

23 abril 2018

Feliz 22 de Abril, feliz dia do descobrimento do Brasil

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Foi a 22 de Abril que chegaram a Porto Seguro as treze embarcações da armada de Pedro Álvares Cabral. Começou naquele dia a aventura de evangelização e civilização que construiria através dos séculos, sob a sombra da cruz e do estandarte português, a imensa nação brasileira. Esse Brasil - português, centenário, bastião da Portugalidade nas Américas - é a grande herança de Cabral ao povo brasileiro. E é dever do povo brasileiro preservá-lo, salvar-lhe a raiz lusíada e projectá-lo para o futuro como o maior e mais forte dos países portugueses.


22 abril 2018

A Boa Nova, os boatos e as ‘fake news’

O Evangelho é, etimologicamente, a boa nova, mas não faltam pessoas que pensam que é um boato sem fundamento ou, pior ainda, mais uma ‘fake news’.

O Evangelho é, etimologicamente, a boa nova, mas dois mil anos depois da ressurreição de Jesus de Nazaré, ainda há quem pense que esta boa notícia é mais uma ‘fake news’ ou, pelo menos, um rumor sem fundamento.
Na verdade, a primeira referência à Páscoa cristã foi um boato falso. Quando uma jornalista de investigação, Maria Madalena, foi fazer uma reportagem ao local onde o corpo de Jesus tinha sido sepultado na antevéspera, verificou que o sepulcro estava vazio. Regressou então apressadamente a Jerusalém, onde deu a bombástica notícia: “Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o puseram!” (Jo 20, 2).
Era verídica a ausência do cadáver, mas não a suposição de que tinha sido roubado, embora parecesse ser essa a única explicação possível para o seu misterioso desaparecimento. Por outro lado, a repórter e a sua equipa, ignorando onde estava o corpo ausente – “não sabemos onde o puseram” – supõem, erradamente, que alguém o teria levado para um paradeiro desconhecido. Embora fosse lógica a sua dedução, falham na precipitada conclusão. É este, aliás, um vício muito comum em certo jornalismo: concluir a partir de uma ilusória aparência.
Pedro e João não acreditaram na surpreendente notícia que lhes foi transmitida por Maria Madalena e, por isso, decidiram ir com ela ao sepulcro. Só quando viram que era o mesmo túmulo e que o cadáver, efectivamente, não estava lá, acreditaram nela, mas não na ressurreição. Como João esclarece, “ainda não entendiam a Escritura, segundo a qual ele devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20, 9).
A Igreja deve tomar uma atitude crítica em relação a qualquer rumor de algo aparentemente sobrenatural. Em princípio, é da mais elementar prudência não acreditar, mesmo que dito com a melhor boa-fé. Mas também seria imprudente negar essa possibilidade, “porque a Deus nada é impossível” (Lc 1, 37). Que fazer então, quando surge o boato de uma suposta aparição, ou de um alegado milagre? O que Pedro e João fizeram: analisar os factos. Só se forem dignos de crédito, podem ser depois reconhecidos, pela Igreja, como sinais extraordinários da providência divina.
Não obstante as três vezes em que Jesus de Nazaré tinha profetizado a sua paixão, morte e ressurreição ao terceiro dia, os apóstolos resistiram o mais que puderam a esta boa nova. De facto, no dia em que a ressurreição aconteceu, não acreditaram em Maria Madalena, nem nas outras mulheres que, com ela, tinham ido ao sepulcro, nem nos discípulos que, a caminho de Emaús, tiveram um surpreendente encontro com o ressuscitado. Só acreditaram quando o viram com os seus olhos. Mas como, mesmo vendo-o, permaneciam na dúvida, Cristo não só os convidou a tocarem nas suas mãos e pés, como também comeu, na sua presença, uma posta de peixe assado (Lc 24, 42-43). Ou seja, a ressurreição de Jesus passa de mero boato a verdade de fé quando, depois de vencida a dúvida persistente dos apóstolos, ganha a consistência de um facto, ou seja, de uma evidência incontrovertível.
Mas, nem todos os rumores daquele tempo se confirmaram. São João dá conta de que entre os primeiros cristãos correu o boato de que ele, o discípulo que o Senhor amava, não morreria: “correu então entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro: ‘Não morrerá’, mas ‘Se quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?’” (Jo 21, 23). Ou seja, o próprio que dá conta do boato é também quem o desmente! Moral da história: o cristão deve ter uma fé inteligente e, por isso, não deve ser crédulo, nem ingénuo.
Para além dos rumores, a que é preciso opor um espírito razoavelmente crítico, também há as ‘fake news’, que são notícias falsas propositadamente postas a circular por quem tem a seu cargo o poder. Também não faltaram há dois mil anos…
É Mateus quem o diz: “alguns dos guardas foram à cidade e noticiaram aos príncipes dos sacerdotes tudo o que tinha sucedido. Tendo-se eles reunido com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: ‘Dizei: Os seus discípulos vieram de noite e, enquanto nós estávamos a dormir, roubaram-no. (…)’. Eles, recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinha sido indicado. E esta notícia divulgou-se entre os judeus e dura até ao dia de hoje” (Mt 28, 11-15). Comenta, a este propósito, Santo Agostinho: “astúcia miserável! Apresentas testemunhas adormecidas?! Verdadeiramente estás a dormir tu mesmo, ao imaginar semelhante explicação” (Enarrationes inPsalmos, 63, 15).
É significativo que esta notícia falsa seja o resultado de “uma grande soma de dinheiro” porque, também agora, os grupos económicos que controlam os meios de comunicação social, ‘compram’ ‘fake news’ a jornalistas menos escrupulosos, talvez até com a velada ameaça do despedimento. Algo semelhante ocorre também nas redes sociais: Mark Zuckerberg reconheceu, na sua recente audição pelo congresso norte-americano, que o Facebook tinha cometido um erro, ao bloquear o anúncio de um curso de teologia católica na universidade franciscana de Steubenville. Nessa ocasião, o senador republicano Ted Cruz confrontou-o também com o facto de mais de duas dúzias de páginas católicas terem sido suprimidas pelo Facebook. Pode ser que a sua supressão se tenha ficado a dever a um problema técnico e não a uma atitude premeditada contra a Igreja católica, até porque milhões de cristãos usam, sem restrições, essa rede social, nomeadamente para partilharem a sua fé.
As ‘fake news’ não são apenas notícias falsas, são também notícias assassinas, porque aquele que é mentiroso e pai da mentira é também homicida (cf Jo 8, 44): quando não pode matar pela guerra, pelo aborto ou pela eutanásia, mata pela mentira, como o marxismo e a ideologia do género. Pelo contrário, o Evangelho não é apenas uma notícia verdadeira, é também e principalmente uma boa nova libertadora: só a verdade nos faz verdadeiramente livres (cf Jo 8, 32).
Fonte: Observador

21 abril 2018

Interview de la duchesse de Bragance



Dans un entretien au magazine portugais Flash, la duchesse de Bragance évoque l’éducation de ses trois enfants et confie qu’elle insiste pour qu’ils fassent des études en vue d’avoir ensuite des perspectives professionnelles. Afonso, prince de Beira suit des études en relations diplomatiques et sciences politiques, la princesse Francisca étudie la communication et Diniz, le cadet termine ses études au lycée et semble s’orienter vers des études de gestion d’entreprises.
La duchesse évoque aussi la place de la religion dans leurs vies et l’attention médiatique qui fut parfois difficile pour les trois princes. Cliquez ici pour prendre connaissance de l’interview en portugais.

20 abril 2018

Almancil, uma maravilha de Portugal

Foto de Nova Portugalidade.


Embora pequena, a Igreja de São Lourenço de Almancil, no Algarve, é um dos mais belos exemplos da arte barroca em todo o mundo português. A sua fachada exterior, muito poupada em ornamentação, data do século XVII e em pouco pode fazer esperar a maravilha que é o âmago do templo. Este, coberto em rica azulejaria joanina, foi concluído na década de 30 do século XVIII e é da responsabilidade do grande azulejista português Policarpo de Oliveira Bernardes.

Refira-se ainda, para lá do magnífico conjunto de azulejos de Bernardes, o retábulo em talha dourada, obra do famoso entalhador algarvio Manuel Martins.


Foto de Nova Portugalidade.


Foto de Nova Portugalidade.


Foto de Nova Portugalidade.


19 abril 2018

XXIX Aniversário da Real Associação de Lisboa



No próximo dia 19 de Maio de 2018 a Real Associação de Lisboa irá celebrar o seu XXIX Aniversário, que como vem sendo tradição será assinalado com um passeio convívio que desta vez decorrerá na Margem Sul, com uma visita ao Convento da Arrábida guiada pelo nosso associado Joel Moedas Miguel, à qual se seguirá um Almoço em Alcochete para o qual está confirmada a presença de S.A.R. a Senhora Dona Isabel de Bragança em representação da Família Real Portuguesa, seguindo-se um passeio livre no centro da vila e visita à Igreja Matriz.

PROGRAMA:

09:00 – Partida de Lisboa, em autocarro, da Praça de Espanha, junto ao parque de estacionamento na esquina com Avenida de Berna;
10:20 – Chegada à Arrábida, seguindo-se visita guiada ao Convento;
13:00 – Almoço no restaurante “Alternativa" no Largo de S. João em Alcochete, que será presidido por S.A.R. a Senhora Dona Isabel de Bragança;
15:00 – Passeio livre e visita à Igreja Matriz;
16:30 – Regresso a Lisboa (Praça de Espanha).

Preço por pessoa (transporte, entradas nos monumentos e almoço):
30,00 €  Adultos
25,00 €  Jovens até aos 25 anos

  As inscrições estão abertas até dia 15 de Maio directamente na nossa sede, na Praça Luís de Camões, 46 2º Dto | 1200-243 Lisboa (de segunda-feira a quinta-feira, das 15:00 às 18:00), pelo endereço electrónico secretariado@reallisboa.pt ou pelo telefone: 213428115 no horário de atendimento. 

18 abril 2018

Por favor, privem-se de dizer disparates

Foto de Nova Portugalidade.


Insistem alguns historiadores desonestos no argumento de um “racismo português” igual àquele praticado por ingleses, holandeses e outros europeus e que só a ascensão de Obama à presidência dos EUA constituíra a primeira grande demonstração de paridade de direitos. A ignorância tem destas coisas, pois lembraria aos mais afoitos mistificadores que Portugal teve no século XVI os primeiros bispos negros, no século XVII um grande diplomata e príncipe das letras que dava pelo nome de António Vieira - mestiço muito escuro - e no século XVIII o primeiro primeiro-ministro misto da Europa. Obama foi, assim, como produto promocional sem novidade, apenas tido como excepção para os ignorantes da história portuguesa. Lembro que Ronald Daus - historiador de grande fôlego infelizmente pouco conhecido do público português - estudou durante décadas a antropologia racial portuguesa dispersa pelos azimutes do planeta e chegou a conclusões espantosas; a saber, que o império português foi, durante séculos, mantido, regido e administrado por negros, indianos, chineses, mistos de todos os cruzamentos e até, pasmem-se os ouvidos pudibundos, por escravos. Foi esse o segredo da nossa longevidade. Ao quebrá-lo, em 1820, com a invenção da cidadania - e depois, com a criação das colónias e províncias ultramarinas, acto de estupidez a reboque o colonialismo europeu - perdemos essa grandeza que nos fazia detestados e temidos pelos inimigos de Portugal.

MCB

17 abril 2018

Notícias sem destaque nos jornais

Vitrais.JPG


Por ocasião dos 100 anos da batalha de La Lys, foram inaugurados há dias na Igreja de St. James, em Twickenham nos arredores de Londres, estes vitrais em memória de S.M.F. D. Manuel II e dos combatentes portugueses na I Grande Guerra que o nosso último rei, apesar de no exílio, foi incansável no apoio. Twickenham foi a morada de exílio de D. Manuel II depois da revolução de 5 de Outubro e St. James a igreja que frequentava. Os seus paroquianos nunca o esqueceram. 


João Távora


Fonte: Corta-fitas

16 abril 2018

Portugal não tem fronteiras e confunde-se com o mundo



Para matar saudades da Portugalidade thai, uma pratada de Foi Thong, a sobremesa de eleição da gastronomia tailandesa. Ora, este Foi Thong foi introduzido no século XVII no Sião pelos portugueses e é nem mais que os nossos fios de ovos ("fios dourados"), também conhecido por Kanom Protuket (doce português). O mundo é sempre pequeno para nós, portugueses.


15 abril 2018

Uma lei perigosa

Os suicídios de adultos que recorreram a tratamentos com hormonas do sexo oposto, ou se submeteram a cirurgias de mudanças de sexo, é 20 vezes superior ao normal.

Por uma unha negra – 109 votos contra 106 – o parlamento aprovou ontem a lei que permite a qualquer jovem de 16 anos determinar, sem necessidade de qualquer relatório médico, o seu género. Ou seja, mudar no registo civil o seu nome próprio – de masculino para feminino, ou vice-versa – e averbar como seu o sexo correspondente. Só quando for maior de idade, aos 18 anos, estará autorizado a requerer intervenções cirúrgicas e médicas que simulem o sexo com que se identifica; mas, na realidade, não muda de sexo, apenas altera a sua aparência anatómica.
Entende a ideologia de género que a identidade sexual é algo essencialmente subjectivo e não determinado física e biologicamente, e que a aparência sexual/morfotipo deve ser a que corresponda a essa identidade. O corpo humano é masculino ou feminino, mas o género admite mais de cinquenta modalidades: ‘gender fluid’, ‘gender variant’, ‘genderqueer’, ‘gender questioning’, ‘gender nonconforming’, ‘agender’, ‘bigender’, ‘cisgender’, ‘cisgender male’, ‘cisgender female’, etc. Não existindo nenhum fundamento objectivo do género, este depende apenas da decisão do próprio, que pode optar pela identidade sexual que entenda mais adequada à sua personalidade. Mais ainda: não só tem absoluta liberdade para determinar o seu género, como tem também o direito a ser tratado, para todos os efeitos sociais, como tal.
Mas, qual é a opinião dos especialistas na matéria? O Colégio Americano de Pediatras, através da sua presidente, Michelle A. Cretella, e da sua vice-presidente, Quentin Van Meter, realizou um estudo, exclusivamente científico, sobre transexualidade juvenil. As suas conclusões foram resumidas por Javier Fiz Pérez, em artigo publicado, no passado dia 1 de Março, no ‘site’ Aleteia, do grupo mediático europeu Media Participations:
  1. A sexualidade humana é um traço binário, biológico e objectivo. Os genes XX e XY são identificadores genéticos de um estado normal de saúde, não de um transtorno. O que é natural, no plano genético humano, é ser homem ou mulher. A sexualidade humana está projetada de maneira binária, com uma interconexão evidente com a reprodução e multiplicação da nossa espécie.
  2. Ninguém nasce com género. Todo ser humano nasce com sexo biológico. Ninguém nasce com a consciência de si mesmo como homem ou mulher. Essa consciência é desenvolvida com o tempo e, como todo processo de desenvolvimento, pode ser influenciada pelas percepções subjectivas da infância. As pessoas que se identificam com ‘a sensação de pertencerem ao sexo oposto’, ou ‘a algum ponto intermédio’, não formam um terceiro grupo sexual, porque continuam a ser, em termos biológicos, homens ou mulheres.
  3. Quando uma criança, biologicamente saudável, pensa que pertence ao sexo biológico oposto, padece um problema psicológico e não físico, uma disforia de género, reconhecida como um transtorno mental na mais recente edição do Manual de Diagnósticos e Estatísticas, da Associação Americana de Pediatria (DSM-V), uma entidade não confessional.
  4. O bloqueio das hormonas da puberdadeprovoca a ausência de puberdade, inibindo, assim, o crescimento e a fertilidade de uma criança que, antes de uma intervenção dessa natureza, era biologicamente saudável.
  5. A grande maioria dos jovens – 98% dos rapazes e 86% das raparigas – que, durante a infância e juventude, tiveram problemas de identificação com o seu sexo biológico, aceitam, depois da puberdade, o seu sexo biológico.  Os dados são do DSM-V, um guia clínico para psicólogos e psiquiatras.
  6. A utilização de hormonas sexuais do sexo oposto tem riscos para a saúde: altera a pressão arterial, causa a formação de coágulos no sangue, provoca AVC e cancro.
  7. Nos adultos que usaram hormonas do sexo oposto, ou se submeteram a uma cirurgia de mudança de sexo,as taxas de suicídio são 20 vezes maiores do que em pessoas que não se sujeitaram a esses tratamentos, nem fizeram essas operações.
  8. A suplantação do sexo biológico por cirurgias e produtos químicos não é normal, nem saudável, ao contrário do que se diz aos jovens com estes problemas.
Segundo as estatísticas, a identificação dos jovens com o sexo oposto é um transtorno da personalidade que, em 92% dos casos, é depois ultrapassado. Pergunta-se então: por que razão o parlamento português, sem nenhuma autoridade científica na matéria, quer facilitar que adolescentes, que ainda não chegaram à maturidade psíquica e sexual, nem à maioridade, que ainda não podem beber em público bebidas alcoólicas, nem sequer votar, possam precipitar uma decisão que tem gravíssimas repercussões na sua saúde física e mental?! Mais penoso é saber que os suicídios de adultos que recorreram a tratamentos com hormonas do sexo oposto, ou se submeteram a cirurgias de mudanças de sexo, é 20 vezes superior ao normal. Assim sendo, esta nova lei não é apenas temerária, mas potencialmente homicida.
A Igreja é particularmente sensível ao imenso sofrimento dos jovens que padecem disforia de género e das suas famílias. Prova disso são as inúmeras instituições católicas especialmente vocacionadas para o seu apoio. Mas também sabe que a complacência com essas disfunções não é o caminho que melhor serve essas pessoas, que devem ser ajudadas, psíquica, clínica e espiritualmente, a aceitarem a verdade sobre a sua identidade sexual e a amarem-se a si mesmas como realmente são, que é também como Deus as ama. A Igreja ensina que essa sua condição – como, aliás, qualquer orientação sexual – em nada diminui a sua dignidade, nem impede a sua realização humana e sobrenatural.
Apesar dos lamentáveis casos de pedofilia, felizmente já punidos com a merecida severidade e – espera-se! – definitivamente ultrapassados, a Igreja católica tem um especial apreço pelos jovens, que estes reconhecem e retribuem: as Jornadas Mundiais da Juventude são a maior concentração periódica mundial de gente nova. Este ano, o Papa Francisco convocou os jovens de todo o mundo para um sínodo a realizar em Roma e que será, decerto, mais uma jubilosa celebração da vida. Pelo contrário, por cá a extrema-esquerda parlamentar insiste no que São João Paulo II chamou a ‘cultura da morte’: se a lei que promove a interrupção voluntária da gravidez fomenta a morte das crianças ainda não nascidas, a eutanásia favorece o homicídio dos doentes e das pessoas de idade, e esta nova lei faz dos jovens potenciais vítimas.
Fonte: Observador

14 abril 2018

Fazer História em cima da memória

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Já não é a primeira vez que o deputado socialista Ascenso Simões, um político cujas opiniões invulgarmente livres em tempos ganhavam letra de forma neste jornal, vem à praça pública para, ao mesmo tempo, piscar timidamente o olho à Monarquia e deplorar os monárquicos. Foi esta a difícil pirueta que Ascenso Simões ensaiou no Público de ontem, na sua “Carta Aberta a Dom Duarte Pio”. Curioso como articulista vê monárquicos atávicos e passadistas mas a sua oportuna miopia não lhe dá a conhecer republicanos de um jacobinismo fossilizado na sua própria casa. Da Carta, porém, aproveitam-se ideias interessantes sobre o papel da Família Real Portuguesa e do nosso Príncipe na “república” que temos, a quem cumpre, nas suas palavras “continuar a fazer História em cima da memória”. Essa ideia é aliás defendida por muitos de nós, os mais pragmáticos no movimento monárquico, para quem importa, dada a agenda política tão avessa à questão do regime, afirmar o Senhor Dom Duarte, indisputado Chefe da Casa Real Portuguesa, como “rei dos portugueses”, epíteto cuja aceitação geral diria muito mais de nós, enquanto povo, do que do Senhor Dom Duarte.

Ninguém ignora a discreta mas determinada e persistente intervenção do Duque de Bragança em vários aspectos da nossa vida colectiva. O Senhor Dom Duarte tem dedicado a sua vida, uma vida cheia, ao serviço, à representação nacional, calcorreando o mundo português de lés-a-lés, percorrendo a expensas suas o país inteiro, do mais cosmopolita centro urbano ao mais remoto município. É um homem que vence distâncias, rumando a latitudes longínquas, a paragens onde nenhum político português pôs os pés, para poder estar com as comunidades que falam português ou se sentem parte integrante do nosso mundo lusíada. Fá-lo por sentido de dever, sem esperar qualquer reconhecimento público ou atenção mediática. O Senhor Dom Duarte faz, sempre fez, o que sente ser seu dever, alheio a quaisquer calculismos conjunturais. Não deveríamos nós, portugueses, sempre lestos na crítica, reconhecer a sorte de termos alguém que tão livremente honra a nossa História e cimenta as relações ancestrais entre pessoas de todos os continentes? O Senhor Dom Duarte é rei dos portugueses em razão do seu serviço, por mérito próprio. Poderia ser Rei de Portugal se, nós, portugueses, o quiséssemos. Sê-lo-ia, por virtude nossa.

Como em tempos disse a Ascenso Simões, as Reais Associações em que assenta a Causa Real são grupos heterogéneos, política e socialmente transversais que espelham a diversidade de que é feito o nosso País. O movimento monárquico não se dirige a nenhuma facção ideológica, classe social ou elite cultural. Dirige-se a todos os portugueses que se interessem pelos destinos de Portugal e entendam que só pode “fazer-se história em cima da memória”.




13 abril 2018

Quando os asiáticos pediam tratados de amizade a Portugal

Foto de Nova Portugalidade.

Imagem: pintura mural existente no templo Wat Boromniwat, em Bangkok, representando a chegada de um vaso da armada portuguesa à capital do Sião.

Isidoro Francisco Guimarães, Governador de Macau, encabeçou em Fevereiro de 1859 uma missão ao Sião, investido nas funções de Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário para ali discutir e assinar um novo tratado entre Portugal e o Sião, correspondendo a desejo formulado pelo Rei Rama IV ao então Cônsul-Geral de Portugal no Sião, António Frederico Moor.

O Sião assinara recentemente tratados com a Grã-Bretanha, Estados Unidos e França e queria renovar a velha relação com Portugal, afeiçoada ao novo quadro das relações com as potências ocidentais.

"S.M. exprimiu a sua satisfação pela chegada do Embaixador d'El-Rei de Portugal, informou-se da saúde de S.M. e da Família Real, e depois [de] várias perguntas a Sua Exa [Isidoro Francisco Guimarães] sobre diversos objectos fez sinal para lhe ser entregue a carta d'El-Rei. Sua Exa tirou a caixa que continha a carta de dentro do vaso de oiro em que tinha sido conduzida, e subindo os degraus do trono a entregou a S.M., bem como o seu discurso. S.M. entregou a Sua Exa um documento em que declarava ter recebido a carta de S.M.F., com todas as honras devidas e na presença da sua Corte e Nobreza. Sua Exa voltou a sentar-se no seu lugar, e S.M. leu um longo discurso em siamês, em que fazia a história das relações dos portugueses com Siam desde o seu princípio, e exprimia a sua satisfação por vê-las estabelecidas de um modo mais formal e permanente durante o seu reinado".

MCB

12 abril 2018

‘Depois de Vós, Nós’ – Divisa D’El-Rei D. Manuel II de Portugal


O Rei tem um papel histórico: o de personificar o carácter nacional; porque o Monarca é o primeiro depositário da tradição dos antepassados dos homens e dos costumes da Nação. Além disso, a função Real é, de facto, um Serviço que é desempenhado com sentido de missão, pois constantemente sobre o escrutínio público o Rei procura exercer o melhor possível o seu Ofício dirigido no sentido do aperfeiçoamento constante e da defesa do bem comum.

Foto de Nova Portugalidade.

Por isso, mesmo empurrado para o exílio pela acção deletéria da revolução republicana do 5 de Outubro de 1910, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II de Portugal desempenhou um papel muito cativo na Grande Guerra de 1914-18. Com Portugal impelido para o conflito pela república velha, o Monarca português exilado, em Inglaterra, colocou-se à disposição dos Aliados para combater. Não lho permitiram e, então, serviu o como oficial da Cruz Vermelha Britânica, o que fez com grande empenho e dedicação cooperando em conferências e na recolha de fundos, visitando hospitais e mesmo os feridos na frente, foi-Lhe muito gratificante. Todavia, a sua solicitude nem sempre foi reconhecida, equipando a sala de operações do Hospital Português, em Paris, e montando o departamento ortopédico do hospital de Sheperds Bush, Inglaterra, que por firmeza e generosidade do Monarca prolongou o funcionamento até 1925, dando assistência aos estropiados da guerra. Esta dedicação foi reconhecida com lugar cativo ao lado da Família Real Inglesa, na tribuna real, durante o Desfile da Vitória dos Aliados, em Julho de 1919, em Londres.



Uma prova de reconhecimento dos britânicos para com D. Manuel II de Portugal foi quando o Rei britânico Jorge V – primo do Monarca português pelos laços da Casa de Saxe-Coburgo e Gotha – o colocou, e à Rainha Augusta Vitória, a seu lado, da Rainha Mary, do Príncipe de Gales e da Rainha- mãe Alexandra, na tribuna real, durante o Desfile da Vitória

De facto, como mais ninguém, a figura do Rei exprime a virtude da dedicação ao bem da comunidade e tem uma superior consciência dos assuntos nacionais, representando da forma mais ética possível a Nação, a Comunidade confia no Rei e revê-se nele, e quererá seguir-lhe o exemplo o que vai fazer repercutir nas instituições democráticas essa ordem.
Na primeira fotografia, sem qualquer ressentimento para com os seus conterrâneos, Sua Majestade Fidelíssima El-Rei Dom Manuel II de Portugal, de uniforme de oficial da Cruz Vermelha Britânica, em 1918, confraternizando com um oficial e um soldado do Corpo Expedicionário Português para a Flandres, ou não fosse a divisa de Sua Majestade, ‘Depois de Vós, Nós’.
Miguel Villas-Boas

11 abril 2018

O "Cristo das trincheiras": uma História que vale a pena ver e contar!



Na Guerra de 14-18, no sector português da Flandres, entre as localidades de Lacouture e Neuve-Chapelle, encontrava-se um cruzeiro com um Cristo pregado numa cruz de madeira, que dominava a paisagem da planície envolvente.

A imagem deste Cristo não era, obviamente, portuguesa, mas encontrava-se na zona defendida pelo Corpo Expedicionário Português durante a ofensiva alemã que quase destruiu a 2ª Divisão de Infantaria.

No dia 9 de Abril de 1918, durante horas a fio, sobre aquela planície caiu uma tempestade de fogo de artilharia, que a metralhou, a incendiou e a revolveu.

Era a ofensiva da Primavera de 1918 do exército alemão.

A povoação de Neuve-Chapelle quase desapareceu do mapa, de tão transformada em escombros.
A área ficou juncada de cadáveres e, entre estes, jaziam 7.500 portugueses da 2ª Divisão do CEP, mortos ou agonizantes.

No final da luta apenas o Cristo se mantinha de pé, mas também mutilado: a batalha decepou-lhe as pernas, o braço direito e uma bala varou-lhe o peito.

Mas, no meio do caos, foi trazida pelos militares que conseguiram reagrupar-se e regressar às linhas aliadas.

É quase inimaginável que, debaixo das barragens de artilharia alemãs, que dizimaram grande parte do contingente português, a opção de alguns militares fosse a de trazer consigo a imagem de Cristo, severamente danificada, e a colocassem em local seguro onde pudesse ser novamente venerada.
Em 1958 o Governo Português fez saber ao Governo Francês o desejo de possuir aquele Cristo mutilado : tornara-se um símbolo da Fé e do Patriotismo nacional e passou a ser conhecido como o "Cristo das Trincheiras".

A imagem foi acompanhada desde França por uma delegação de portugueses, antigos combatentes da Grande Guerra, que residiam em França, e por uma delegação de deputados franceses, chefiada pelo Coronel Louis Christian.

Chegou a Lisboa de avião no dia 4 de abril de 1958, uma Sexta-feira Santa, e ficou em exposição e veneração na capela do edifício da Escola do Exército até 8 de Abril - as cerimónias foram apoteóticas, milhares de portugueses desfilaram perante a imagem em Lisboa.

No dia 8 de Abril a imagem foi transportada num carro militar para o Mosteiro da  Batalha, sem qualquer cerimonial especial, e aí ficou exposta na sala do refeitório do mosteiro para no dia seguinte, 9 de Abril, se efectuar a entrega oficial.

No dia 9 de Abril, pelas 11 horas, começaram a concentrar-se junto ao Mosteiro numerosas entidades civis e militares, entre elas os Embaixadores de Portugal em França e de França em Portugal, os Adidos Militares da França, da Bélgica e dos Estados Unidos, as altas patentes portuguesas do Exército, Marinha e da Força Aérea.

Ao meio-dia iniciaram-se as cerimónias com a chegada do Coronel Louis Christian (França) e o Ministro da Defesa de Portugal Coronel Santos Costa.

A guarda de honra foi prestada por um Batalhão do Regimento de Infantaria N.º 7, Leiria.
O "Cristo das Trincheiras" foi então levado para a sala do Capítulo, estando o andor que o transportou ao cuidado de representantes da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.

Aí deposto sobre um pequeno plinto adamascado, à cabeceira do túmulo do "Soldado Desconhecido".
Terminadas as orações, o Adido Militar Francês, Coronel Revault d'Allonnes, conferiu aos dois "Soldados Desconhecidos" duas Cruzes de Guerra, as quais foram depositadas sobre a campa rasa.
A fanfarra do Regimento de Infantaria n.º 19, de Chaves, tocou a silêncio no final da cerimónia, enquanto uma Bateria de Artilharia do Regimento de Artilharia Ligeira de Leiria, salvava com 19 tiros.

Mais do que um episódio ocorrido durante a 1ª Guerra Mundial, o "Cristo das Trincheiras" simboliza a fé que manteve os militares portugueses na linha de frente durante um par de anos, praticamente sem licenças, mal abastecidos, sentindo-se abandonados por quem os enviou para combater por algo que a maioria não entendia.



O Cristo das Trincheiras no Mosteiro da Batalha


Fonte: O Adamastor

10 abril 2018

No centenário de La Lys, o Verdun português

A gesta do João Ninguém

Foto de Nova Portugalidade.



Na madrugada de 9 de Abril de 1918, iniciava-se a última grande tentativa alemã destinada a romper a Frente Ocidental e decidir a terrível guerra que se arrastava há quatro anos. Para a ofensiva da primavera, que recebera o nome de código Georgette, o Alto Comando alemão preparara um minucioso plano que visava aplicar o grosso das suas tropas de elite num pequeno sector da frente onde se estimava que as defesas ali existentes ofereceriam menor resistência à pretendida operação de ruptura. Para tal missão foi incumbido o Sexto Exército Alemão, forte de onze divisões, sob o comando do experimentado general Ferdinand von Quast (1850-1939).

Enfraquecidos por meses de luta na lama das trincheiras, com falta de meios humanos, munições e armas pesadas, o Corpo Expedicionário Português (CEP) pouco poderia contrariar a manobra alemã. Muito se tem dito a respeito da fragilidade das forças portuguesas, acusando-se amiúde o governo de Lisboa pelo suposto abandono a que votara as tropas. Contudo, os elementos hoje disponíveis oferecem um motivo diverso para explicar tal penúria. O Estado Maior Aliado desviara desde Março os comboios marítimos até aí destinados a municiar o CEP, colocando-os à disposição do exército norte-americano que então se preparava para participar no cenário europeu da guerra.

Às duas e meia da manhã daquela fatídica terça-feira de nove de Abril, quinhentas peças de artilharia alemãs iniciaram um bombardeamento cerrado sobre a linha da frente ocupada por duas divisões de infantaria portuguesa. A preparação durou cinco horas ininterruptas, tendo caído sobre as nossas posições cerca de 30.000 projécteis. O dilúvio de fogo foi sucedido por cerradas nuvens de gases tóxicos e, logo, por densas máscaras de fumos que permitiram à massa da infantaria alemã avançar com segurança sobre as trincheiras portuguesas. Combalidas, as forças portuguesas ofereceram a resistência possível, mas deram luta, atrasando por horas o plano alemão. Nesse longo dia, realizaram-se feitos de grande bravura. Então, o Zé Povinho que se fizera João Ninguém das trincheiras, deu mostras de tenacidade e heroísmo que salvou a honra da bandeira portuguesa e surpreendeu um inimigo altivo e militarmente superior em meios. Pelo final do dia, quando finalmente os portugueses recuaram, haviam perdido 327 oficiais e 7000 infantes, mortos, feridos ou desaparecidos.

Mas a sangreira ainda não terminara. No dia seguinte, o Quarto Exército do general Von Armin atacou o saliente de Ypres. Na planície de Lys, os 13º e 15º regimentos de infantaria portugueses agarraram-se a La Couture, defendendo ferozmente a aldeia ao lado dos escoceses. Apesar dessa vigorosa resistência, os alemães chegaram ao Lys no dia seguinte, atravessaram-no em grande parte e avançaram em direcção às colinas da Flandres.

Passam na segunda feira cem anos sobre a chamada batalha de La Lys. No cemitério militar de Richebourg repousam 1831 corpos de portugueses caídos no campo de honra. O cemitério, um verdadeiro altar da pátria, será visitado e homenageado pelo presidente francês que ali, solenemente, em nome do povo francês, agradecerá a Portugal a oferta em sangue dos seus jovens caídos na defesa da terra francesa. Honra, pois, aos nossos heróis.

MCB

09 abril 2018

O paradoxo da Páscoa e outros mistérios

Ao contrário das outras ressurreições de que nos falam os Evangelhos, a de Cristo não foi um mero regresso à existência anterior à morte.

Os relatos evangélicos relativos à ressurreição de Jesus Cristo escondem vários mistérios e, como escreveu Bento XVI em ‘Jesus de Nazaré’, um paradoxo.
O primeiro mistério respeita à própria ressurreição. Os soldados, que estavam de guarda ao sepulcro, não referiram nenhum acontecimento extraordinário ocorrido entre o encerramento do túmulo e a sua abertura, na madrugada do domingo, quando se descobriu que estava surpreendentemente vazio. As mulheres que, nessa manhã, se dirigiram para o sepulcro, não só não viram nenhuma ressurreição, como julgaram, como parecia óbvio, que o cadáver tinha sido roubado (Jo 20, 2).
Naquele mesmo primeiro dia da semana, Cristo aparece a Maria Madalena (Jo 20, 1-18); a Simão Pedro (Lc 24, 34); aos discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35); e, por último, aos apóstolos, já excluído Judas Iscariotes e faltando Tomé (Jo 20, 19-23). Todos o vêem, é certo, mas nenhum deles o viu ressuscitar e, por isso, mais do que testemunhas da ressurreição de Jesus, são só testemunhas do ressuscitado.
Um segundo mistério respeita ao momento em que aconteceu a ressurreição de Jesus de Nazaré, pois não se sabe ao certo quando foi. Supõe-se que ocorreu na madrugada do domingo, porque era o terceiro dia, tal como fora repetidas vezes profetizado.
Os cientistas forenses que estudaram o sudário de Turim – que não é objecto de fé, embora a Igreja, na medida em que é cientificamente credível, o venere como relíquia da paixão e morte de Cristo – envolveram em lençóis de linho puro, perfumados com mirra e aloés, cadáveres ensanguentados e observaram que “depois de 36 ou 40 horas de contacto (…) as imagens dos corpos ficaram impressas nos respectivos lençóis, mas muito longe da perfeição que a síndone apresenta”. Muito embora a precisão e permanência extraordinária da imagem do sudário de Turim leve a crer que a sua impressão se ficou a dever a causas transcendentes, é provável que o tempo de contacto do sudário com o corpo nele retratado tenha sido também de 36 horas, aproximadamente. Assim sendo, se Jesus foi sepultado pelas 18h de sexta-feira, a ressurreição teria acontecido por volta das 6h da madrugada do domingo seguinte.
Como em tantos outros episódios bíblicos, algumas aparições do ressuscitado são anunciadas por anjos. Aparecem às santas mulheres (Lc 24, 1-7), nomeadamente a Maria Madalena, que vê dois anjos sentados no sepulcro vazio, um à cabeceira e o outro aos pés de onde estivera o corpo de Jesus (Jo 20,12-13). É curiosa esta certeza de que eram anjos, porquanto devem ter aparecido com figura humana, como sempre acontece pois, em caso contrário, não poderiam ser facilmente vistos, nem ouvidos.
Embora Pedro tivesse sido confundido com o seu anjo (Act 12,15), ninguém crê que se lhe apareceu um anjo e não Jesus de Nazaré. Inicialmente, é certo, não é reconhecido por aqueles que, sendo os seus mais próximos discípulos, o conheciam muito bem, mas nunca ninguém o confundiu com um anjo. Quando Maria Madalena, estando à procura do seu Mestre e Senhor – que trata sempre com a veneração devida pela criatura ao Criador e nunca com intimidades de esposos ou amantes – o vê mas não o reconhece, pensa tratar-se do hortelão e não de um anjo (Jo 20, 14-16).
A misteriosa volatilidade da enigmática e vaporosa presença do ressuscitado – aparece no cenáculo estando fechadas as portas (Jo 20 19) – seria sinal de que ali estava apenas a sua alma e não o seu corpo?! Seria uma hipótese razoável, se não fossem as palavras e acções do próprio Cristo: “‘Olhai para as minhas mãos e os meus pés, porque sou eu mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que eu tenho’. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefactos, disse-lhes: ‘Tendes aqui alguma coisa que se coma?’ Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe assado. Tendo-o tomado, comeu-o à vista deles” (Lc 24, 39-43).
Contudo, como é possível que os apóstolos, que já o tinham visto ressuscitado pelo menos duas vezes, e Pedro três, não sejam capazes de o identificar, nem sequer pela voz, quando ele, da margem, lhes diz que lancem as redes ao mar?! (Jo 21, 1-14).
Mais escandaloso é ainda o caso dos discípulos de Emaús que, falando longamente com ele sobre a sua própria paixão e morte, o não identificam durante toda aquela demorada conversa, que termina apenas ao fim do dia, quando finalmente o descobrem, na fracção do pão (Lc 24, 13-35). Estão com ele, a falar dele e não o reconhecem!
Ao contrário das outras ressurreições de que nos falam os Evangelhos – da filha de Jairo (Mt 9, 18-26), do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17) e de Lázaro (Jo 11, 1-46) – a ressurreição de Cristo não foi um mero regresso à existência anterior à morte. Aqueles três ressuscitados voltaram a ser quem eram e como eram antes de morrer e, mais tarde, como quaisquer mortais, morreram. Mas não assim Cristo. Os apóstolos talvez pudessem ‘inventar’ uma ressurreição como as que Jesus tinha realizado diante deles, mas nunca poderiam imaginar que ele, ressuscitando, fosse verdadeiramente ele mesmo, sendo também totalmente diverso!
Jesus, ao ressuscitar, reassumiu a sua humanidade de uma forma completamente original. A sua natureza divina permaneceu imutável, mas a sua natureza humana era agora, visivelmente, muito diferente – daí a dificuldade do seu reconhecimento, até pelos seus mais próximos – mas sendo absolutamente ele: eis o paradoxo da Páscoa! É ele mesmo, mas de outro modo e, até, com outro aspecto: a mesma identidade, com o mesmo corpo ressuscitado, mas totalmente diferente. Mais do que um mero regresso à vida, Jesus Cristo, com a sua ressurreição, inaugurou uma nova vida, que é também para todos os que são salvos em seu nome.
Fonte: Observador