02 novembro 2015

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Duas vezes em um só dia é demais: a alusão, em crónicas de hoje, de Bacelar de Vasconcelos (JN) e de Francisco de Assis (Público) à II República como sendo a actual - como se 48 anos de salazarismo estivessem fora do Regime. A lavá-lo e a pontapear a História. Contas à moda do republicanismo socialista-maçónico.
Porque o art. 5º da Constituição da República Portuguesa de 1933 dizia claramente: «O Estado português é uma República unitária e corporativa». Não gostam os senhores aventaleiros? Paciência. Os Presidentes dessa longa República autocrática foram - quer queiram, quer não - quatro, a saber, Óscar Carmona, Salazar (interinamente, após a morte deste e até à eleição do seguinte), Craveiro Lopes e Américo Tomaz.
A gente percebe os intentos. Aliás, intentos esses deitados abaixo pelo insuspeito Vasco Pulido Valente em crónica de 2 de Outubro de 2010 no Público. De que fica um excerto, a parte final:
«Como é possível pedir aos partidos de uma democracia liberal que festejem uma ditadura terrorista em que reinavam "carbonários", vigilantes de vários géneros e pêlo e a "formiga branca" do jacobinismo? Como é possivel pedir a uma cultura política assente nos "direitos do homem e do cidadão" que preste homenagem oficial a uma cultura política que perseguia sem escrúpulos uma vasta e indeterminada multidão de "suspeitos" (anarquistas, anarco-sindicalistas, monárquicos, moderados e por aí fora)? Como é possível ao Estado da tolerância e da aceitação do "outro" mostrar agora o seu respeito por uma ideologia cuja essência era a erradicação do catolicismo? E, principalmente, como é possível que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o "5 de Outubro" trouxe a Portugal?».

Resta acrescentar que, pelos avisos dos tempos mais recentes, provavelmente anda estamos na República-zero desse abençoado paraíso político prometido...

João Afonso Machado

Fonte: Corta-fitas

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