sábado, 28 de fevereiro de 2015

D. JOÃO II E O PERFEITO SERVIÇO DE INFORMAÇÕES



Não bastando ser o Príncipe Perfeito, El-Rei Dom João II foi o pioneiro dos serviços secretos mundiais, pois foi ao Serviço de Sua Majestade que surgiu a primeira rede de espiões profissionais, os Lançados. Estes eram desembarcados na costa oriental de África e depois seguiam para o interior recolhendo informação que facilitasse a expansão portuguesa no continente que começava a explorar, e sobretudo sobre o então lendário Reino de Preste João. Eram homens de uma enorme coragem lançados no desconhecido e que por isso lhes deram o nome indígena de Tangomaos, sendo que tangomao significa: ‘aquele que morre ausente ou desterrado da pátria’. Um deles foi Afonso de Paiva que empreendeu uma jornada que hoje se poderá considerar épica, e que se destinou a preparar a viagem do navegador Vasco da Gama à Índia. Porém, o mais famoso destes lançados foi, certamente, Pêro da Covilhã, senhor de um carisma de fazer sombra a um certo espião nada secreto ao serviço de outra Majestade, e que corresponde à visão heróica contemporânea de um agente secreto: mestre na arte de manejar armas – neste caso a espada e o arco e flecha -, e, senhor de recursos atléticos e intelectuais notáveis – dominava diversas línguas e dialectos –, o temerário nascido na Serra da Estrela, confirmou no terreno e por actos a proverbial coragem dos beirões dos Montes Hermínios. Por ordem directa d’El-Rei Dom João II deslocou-se à Abissínia e à Índia sondando pela localização do reino de Preste João. No Cairo foi o primeiro europeu a contrair a Febre do Nilo, que quase lhe tirava a vida, mas que venceu para logo atravessar o deserto do Sinai e passando por Medina e Meca, desembocar na Etiópia. Daí embarcou numa nau que o levou a Calecut, Goa e ao Golfo de Ormuz, sempre recolhendo informações sobre a navegação até à Índia e sobre a possibilidade da circundação de África, por mar, para chegar à Índia, a famosa viagem que viria a ser empreendida com sucesso por Vasco da Gama e que terminaria em 1498, e, que sem dúvida, não seria possível sem a ‘intel’ recolhida por Pêro da Covilhã e que compilaria no relatório que enviou ao Rei de Portugal sob o título de ‘Verdadeira Informação das Terras de Preste João das Índias’. O espião-aventureiro haveria de falecer na Etiópia, reino onde uma vez que se entrasse já não se podia sair, mas mantendo-se sempre ao serviço de Sua Majestade o Rei de Portugal.

Mas a afirmação de que Dom João II criou um verdadeiro serviço secreto de informações na percepção que hoje se tem dessas agências, deve-se não só a esses labores dos espiões, ainda não românticos, mas com forte sentido de honra, mas também à criação de uma rede que tinha não só a incumbência de recolher ‘intelligencia’, mas, também, a missão de produção de contra-informação e a prevenção de actos que pela sua natureza pudessem perigar os intentos descobridores da Coroa Portuguesa, atentar contra a vida do Monarca e por em risco a soberania nacional.

Assim, Dom João II ganhou o cognome de Príncipe Perfeito, pois em tudo o que fazia ou deliberava punha um cunho de perfeição, e para o sucesso das suas decisões em termos de política externa e geoestratégia contava sem dúvida as decisões que tomava em função da informação privilegiada que os seus serviços secretos recolhiam e que o tornavam no mais esclarecido e bem informado dos monarcas europeus da época. Prova disso, e expoente máximo da sua política, é o Tratado de Tordesilhas, assinado, em 1494, pelo Rei de Portugal e pelos Reis Católicos dos Reinos de Castela, Leão, Aragão, etc., e que comummente se dá o nome de Reino de Espanha.

Dom João II, neste âmbito do secretismo, estabeleceu, ainda, o Segredo de Estado, a salvaguarda dos segredos e da tecnologia marítima de que Portugal foi pioneiro, com vista à supremacia da sua política de expansão marítima, tendo proibido a divulgação dos planos de construção e a venda de caravelas portuguesas. Criou o conceito de material classificado, organizando e limitando o acesso a esses segredos, que eram agora da Coroa e do Estado. Assim, passou a haver níveis de informação com diferentes graus de acesso que estava limitado a pessoas autorizadas para o fazer consoante a sua grandeza na cadeia de comando, peso estratégico e posição no Estado. Desta forma, mapas, cartas de marear, livros de astronomia, roteiros de viagem, instrumentos de navegação ficavam apenas ao alcance de quem tivesse autorização régia para os usar, pois eram ‘classified e top secret’. Dom João II, proibiu ainda pilotos, mestres e marinheiros de servir nações e entidades estrangeiras adversárias. Para quem violasse estas regras instituídas pela Coroa, severas penas estavam reservadas, pois constituiriam acto de traição – tal como nos nossos dias.

A isto se chama ‘Visão!’, e por isso noutros tempos – no Tempo dos Reis - Portugal foi Grande!

Miguel Villas-Boas 

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Duque de Bragança nas I Jornadas de Direito Nobiliárquico

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S.A.R., O Senhor D. Duarte de Bragança como Presidente de Honra das Jornadas de Direito Nobiliárquico, que decorreram na Faculdade de Direito de Lisboa.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A monarquia e a estabilidade política, um exemplo prático

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O Presidente da República na Grécia é eleito pelo Parlamento e não através de sufrágio direto. Os nomes dos candidatos são propostos pelos partidos e o candidato tem de recolher a aprovação de pelo menos dois terços dos 300 deputados que compõem o plenário grego. Caso não consigam eleger um Presidente, há uma segunda volta em que um dos nomes tem de conseguir mais uma vez um mínimo de 200 votos. No entanto, se nem à segunda ronda for possível aprovar um dos nomes, há lugar a uma terceira ronda em que o número de votos exigidos baixa para 180.
Foi precisamente a falta de um consenso em torno do homem que iria sentar-se no Palácio Presidencial que deu origem à crise política e às eleições antecipadas que conduziram a coligação de esquerda radical ao poder.
Daqui

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

3º CONGRESSO DA JUVENTUDE MONÁRQUICA PORTUGUESA



Cascais, cidade de mar, foi o local escolhido para o 3º Congresso da JMP. 

Sempre com o olhar em direcção ao futuro, alicerçamos a nossa coragem no exemplo dos navegadores portugueses que desbravaram os oceanos, mas também nos ensinamentos de todos os que trabalham com o mar e pelo mar, principalmente os pescadores.

Cascais é isto mesmo; pesca, mar, bravura, mas também terra de reis. Recordamos, por exemplo, o gosto que o Rei dom Carlos tinha por este local. 

O país vive numa tribulação permanente, necessitando, urgentemente, de uma alternativa política.

A JMP acredita que essa alternativa reside na Instituição Real, como farol de todos os portugueses. 

O 3º Congresso da JMP é aberto a todos os jovens portugueses, associados ou não.

Inscreve-te e traz os teus amigos! 

Em tempos de urgência nacional, queremos uma juventude patriótica ao serviço de Portugal! Junta-te a nós! Inscreve-te!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Mar Vermelho

O genocídio dos cristãos no Médio Oriente requer uma resposta internacional.

Sim, há um mar vermelho, mas este não é o que, com este nome, separa o Egipto da Arábia e que, segundo a Bíblia, o povo judeu atravessou a pé enxuto, fugindo do faraó e do seu exército, a caminho da terra prometida. Este 'mar vermelho' não o é em sentido figurado, como aquele, mas real, porque foi tingido pelo sangue dos 21 mártires coptas que os jihadistas, ou guerrilheiros do auto-proclamado Estado islâmico, que os árabes preferem designar por Daash, assassinaram numa praia da Líbia. O Mediterrâneo é agora vermelho, à conta do sangue inocente que nele foi derramado. É também, como diziam os romanos, o 'mare nostrum'. É hora de que a Europa e o mundo acordem para esta dramática realidade: é o nosso mar que é vermelho e é o sangue dos nossos irmãos que o mancha.

A Igreja cristã copta é antiquíssima, porque nasce de uma cisão primitiva da Igreja católica, por razões doutrinárias que se prendem com o concílio de Calcedónia, no ano 451, e tem, curiosamente, um papa a presidi-la. Apesar de alguma expressão no médio Oriente, não tem dimensão, nem influência política capaz de fazer frente às pretensões hegemónicas dos grupos islamistas radicais, de que o Daash, no seguimento da Al Quaeda é, na actualidade, o mais temível expoente. Mas foi o alvo escolhido por aquela milícia fundamentalista que, aproveitando-se da guerra civil na Líbia e da existência, em simultâneo, de dois governos nacionais, já domina grandes zonas desse país. Não terá sido em vão que as imagens da decapitação, numa praia mediterrânea, dos 21 cristãos egípcios, foram filmadas na Líbia, precisamente para provar que a sua implantação neste país não é fictícia.

É verdade que esta guerra não é um enfrentamento entre religiões, mas é inegável o propósito do Daash em criar uma região internacional interdita a todos os crentes que o não sejam da sua fé islâmica, mesmo que se afirmem também devotos de Alá e do seu profeta. Os 21 egípcios, imolados no altar da intolerância religiosa e do fundamentalismo bárbaro dos seus assassinos, eram cristãos. Na declaração que acompanha as horríveis imagens desse múltiplo homicídio, percebem-se referências a Alá, mas também ameaças contra os cristãos em geral e, mais em particular, os católicos. Com efeito, o cabecilha dessa funesta expedição punitiva afirma o seu propósito de "conquistar Roma, com a bênção de Alá". Se são eles que o dizem, quem se atreveria a negá-lo?!

De facto, foi a fé cristã das vítimas desta chacina, em terras líbias, a razão principal da sua morte. Se morreram por ódio à religião cristã, como de facto consta, nada obsta que a igreja copta os considere como mártires da fé. Segundo o Avvenire, são perceptíveis, nas terríveis imagens que registaram o seu sacrifício, palavras de fé pronunciadas pelas vítimas, na iminência da sua morte violenta.

De algum modo, não só o Daash mas todas as forças políticas que apostam na expulsão dos cristãos radicados no Médio Oriente, são, talvez de forma encapotada, cúmplices do fundamentalismo islamita na sua cruzada contra a liberdade religiosa e os direitos humanos. Há que reconhecer, a todos os cidadãos e comunidades religiosas naturais da Ásia menor, o indeclinável direito à terra que é a sua pátria e à prática da religião, seja ela qual for, que professam. Esta tem sido a reiterada posição da Igreja católica que, sobretudo através do patriarcado latino de Jerusalém e da Ordem pontifícia do Santo Sepulcro, luta desesperadamente por defender a presença cristã e de outras minorias na Terra Santa, não obstante a hostilidade de sectores israelitas mais radicais e dos extremistas muçulmanos.

Portugal e a comunidade europeia, que felizmente reagiu com tanta determinação frente aos ataques em Paris, não podem cruzar os braços ante esta tragédia humanitária, que está a ocorrer às suas portas, no seu próprio mar. São as costas espanholas, francesas, italianas e gregas que as águas do Mediterrâneo banham, agora tingidas pelo sangue destes 21 mártires. É o nosso sangue que está a ser derramado e, por isso, é também nossa a dor deste terrível luto. Por desgraça, volta a ser verdade o triste vaticínio do poeta: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!"

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: Povo

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O REI DO POVO



«Rei sem Povo não é Rei, Povo sem Rei não é Povo», declarou atiladamente Dom Luís Álvares de Castro, 2.º Marquês de Cascais, tendo como interlocutor El-Rei Dom João V.

O Rei está ao serviço da Nação e não reclama da dificuldade de ler o Povo, pois, dispõe-se a tal. O Monarca indaga cada camada da população, aprende na sua verdade, e através de uma atitude racional chega ao que acredita será o reflexo da vontade do Povo. Essa é uma tarefa infinda e a preparação começa com a educação do herdeiro presuntivo da Coroa, não é uma realidade que se pode apreender de um momento para o outro.

Para conhecer o Povo é necessária presença, dirigir-se à própria matéria, face a face, acompanhá-la, permitir a espontaneidade, sair da confortável área da preguiça espiritual, para conhecer a «substância», e ouvindo as pretensões mais exageradas e os anelos mais essenciais, filtrar, chocar esses anseios e formar em consciência o que será o corpo do bem comum.

Na nossa sociedade contemporânea, tão igualada, já não existe possibilidade para Chefes de Estado de trato enfatuado, e em Portugal monarcas assim não houve: os nossos reis mantinham uma relação directa com o povo, e sentiam prazer em estar entre gente comum e quando abordados por qualquer pessoa do povo, entabulavam familiarmente uma conversa, até porquê os príncipes eram educados pelos seus doutos preceptores precisamente para isso. D. Aleixo de Menezes acautelava El-Rei Dom Sebastião: “o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe…».

Como escreveu o colossal Eça de Queiroz no panegírico “A Rainha”: «No tempo dos nossos velhos reis, ao contrário, todos os educadores de príncipes lhes ensinavam o alto dever real de comunicar docemente com o povo.»

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

SS.AA.RR., Os Senhores Duques de Bragança presentes na primeira missa celebrada em Lisboa pelo Cardeal-Patriarca D.Manuel Clemente


O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinhou na homilia da missa de Quarta-Feira de Cinzas, que alguns sinais de recuperação económica demoram a chegar às famílias, e apelou à misericórdia para com os mais desfavorecidos. 

«Mesmo alguns sinais de recuperação económica demoram em repercutir-se na vida e no estado de espírito de muitas pessoas e famílias, que por excessivos encargos e falta de trabalho e perspectivas não conseguem satisfazer necessidades básicas, nem olhar com optimismo o futuro, especialmente os mais jovens», afirmou D. Manuel Clemente, que presidiu, na Sé de Lisboa, à missa de cinzas, que marca o início da Quaresma, naquele que é o seu primeiro acto público em Portugal desde que foi criado cardeal pelo Papa Francisco, no passado sábado. 

«Os crentes participam com os seus concidadãos ‘nas alegrias e esperanças, nas tristezas e angústias’ da sociedade que integram. Mas, exactamente por serem crentes, em tudo hão-de estar com os sentimentos de Deus revelados em Cristo, isto é, com a misericórdia que os aproxime de toda a pobreza e fragilidade, em comprovada presença e concreto apoio, correspondendo às multiplicadas carências dos outros», continuou o prelado. 

D. Manuel Clemente, que falava para um templo sem lugares vagos, disse que «pode haver, como legitimamente acontece mesmo entre os discípulos de Cristo, diferenças na análise dos problemas e perspectivas distintas para a respectiva resolução», mas que «o que não pode haver é desistência ou atraso quanto ao essencial, que é responder com empenho às carências pontuais ou persistentes da sociedade que integram». 

Colocando a tónica da homilia na «misericórdia», D. Manuel Clemente afirmou: «A Quaresma que iniciamos tem este conteúdo vivo, de nos rendermos à misericórdia de Deus e de a reproduzirmos em nós, para que chegue a todos; e o mundo passe com Cristo para o Pai, repassado por fim dum amor definido, absolutamente próximo e inteiramente solidário. Tanta coisa depende disso, que nenhum de nós tardará decerto. Jejuemos do mais, pois só assim bastaremos; partilhemos os bens, que só em comum serão nossos; perseveremos na oração, para prosseguirmos com Deus». 

A homilia lida hoje pelo Cardeal Patriarca é a mensagem da Quaresma da Diocese de Lisboa, explicou à Lusa fonte do patriarcado. 

Na mensagem é afirmado que «entrar em Quaresma é aceitar um desafio imenso, como é entrar no próprio coração divino. É um modo poético e, assim mesmo, verdadeiro, de corresponder à revelação bíblica do que Deus foi revelando de Si próprio, ao longo daquela história exemplar para todos os povos, tempos e lugares. Coração divino, que em Jesus demonstrou a correspondência absoluta com o coração humano, faminto e sedento de tantas fomes e sedes». 

Cerca de 400 pessoas, entre elas o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e os Duques de Bragança, D. Duarte Pio e D. Isabel, assistiram à eucaristia, na qual participam cerca de 20 sacerdotes e os bispos auxiliares da diocese. 

Numa parede lateral da Sé está já posto o pano de arma do Cardeal-Patriarca com a respectiva divisa: «In lumine tuo». 

A cerimónia contou ainda com a presença das ordens do Santo Sepulcro, de Malta e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, bem como com a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé. 

















Fonte: TVI24 e Patriarcado de Lisboa

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

D. CATARINA DE BRAGANÇA E O CHÁ DAS CINCO



Em 1661, a Rainha regente D. Luísa de Gusmão, digníssima viúva d’El Rei Dom João IV, o Restaurador, declarou em cortes o contrato nupcial, aprovado pelo Conselho de Estado, do casamento da Infanta Dona Catarina Henriqueta de Portugal com o Rei Carlos II de Inglaterra. Seguiu-se um contrato de paz, com artigos muito curiosos, publicado no Gabinete histórico, de Frei Cláudio da Conceição, onde vem a descrição do real consórcio: «0 nosso augusto Soberano Lorde Carlos II, pela Graça de Deus, rei da Grã-Bretanha, França e Irlanda, Defensor da Fé e a Ilustríssima Princesa D. Catarina, Infanta de Portugal, filha do falecido D. João IV, e irmã de D. Afonso, presente rei de Portugal, foram casados em Portsmouth na quinta-feira, vigésimo segundo dia de Maio, do ano do N. Sr. de 1662, 14.º do reinado de SM, pelo R. R. F. in G. Gilbert, Bispo Lorde de Londres, Deão da Real Capela de Sua Majestade na presença de grande parte da nobreza dos domínios de Sua Majestade e da de Portugal.» Dona Catarina não foi uma rainha popular em Inglaterra por não ter descendência e por ser católica - o que a impediu de ser coroada -, mas é da sua responsabilidade a introdução do chá em Inglaterra.

Natural da China, o chá foi introduzido na Europa pelos portugueses no século XVI.
Assim, Dona Catarina de Bragança deixou pelo menos a Inglaterra o hábito de beber chá que se tornou um dos hábitos tipicamente britânicos, mas que não foi o único: deixou o costume do consumo da geleia de laranja, para além de lá ter introduzido o uso dos talheres – pois antes disso os ingleses comiam com as mãos, mesmo a aristocracia mais fina que levava os alimentos à boca com três dedos (polegar, indicador e médio) da mão direita e do tabaco, legando dessa forma uma importante herança cultural.

O hábito de beber chá já existiria, num período em que a Companhia das Índias Orientais o estava a vender abaixo do preço comercializado pelos Holandeses e o anunciava como uma panaceia para a apoplexia, epilepsia, catarro, cólica, tuberculose, tonturas, pedra, letargia, enxaquecas e vertigem – um verdadeiro cura tudo e mais alguma coisa -, mas foi Dona Catarina de Bragança que o transformou na "instituição" que os ingleses hoje conhecem por “Chá das Cinco”, o tão famoso quanto imprescindível "five o'clock tea". Bravo, Dona Catarina, pela herança que deixou!

Acresce que, o consumo deste produto era apanágio das esferas mais altas da sociedade. Em consequência, também, surgiu a expressão: “Ter falta de chá!”, dirigida a alguém que não tem educação ou que não tem maneiras, uma vez que o chá era originariamente consumido por famílias nobres, presumidamente mais sofisticadas. Hoje, claro que numa sociedade burguesa e plutocrata, em que o dinheiro é o mote, não está garantido que haja na alta roda muito chá, até porque podem-no não ter tomado em pequeno e uns são ricos, mas outros têm apenas dinheiro!

Com este artigo iniciamos uma rubrica de interesses históricos sobre factos e figuras que muitas vezes são ignorados pela ciência histórica mainstream, com a certeza de continuaremos com os artigos de fundo mais sérios e doutrinários!

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

‘SUAS MAJESTADES FIDELÍSSIMAS’ OS REIS DE PORTUGAL


Porque era atribuído o título de Sua Majestade Fidelíssima ao Rei de Portugal a partir do século XVIII?

De Dom João V, o Magnânimo e o Rei-Sol Português, disse Veríssimo Serrão em «História de Portugal» volume V página 234 que «era senhor de uma vasta cultura, bebida na infância com os Padres Francisco da Cruz, João Seco e Luís Gonzaga, todos da Companhia de Jesus. Falava línguas, conhecia os autores clássicos e modernos, tinha boa cultura literária e científica e amava a música. Para a sua educação teria contribuído a própria mãe, que o educou e aos irmãos nas práticas religiosas e no pendor literário.»

Do ponto de vista cultural o reinado de Dom João V é profícuo. No campo filosófico surge Luís António Verney com o Verdadeiro Método de Estudar e, no campo literário António José da Silva. Foi fundada a Real Academia Portuguesa de História e introduzida a Ópera italiana. Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes transformações que se tinham operado. Surge a Real Mesa Censória, o Erário Régio e a Real Junta do Comércio. Foi no seu reinado que se produziu a primeira, se não única reforma profunda da Universidade, e que surgiu o ensino primário, assim como o ensino secundário com a fundação do Colégio dos Nobres e a Aula do Comércio. Foi, ainda, no seu reinado que começou a construção do aqueduto das Águas Livres, que trazia a água de Belas para o regular abastecimento de água de Lisboa.

O barroco manifesta-se na arquitectura, mobiliário, talha, azulejo e ourivesaria, com grande riqueza. Dom João V foi responsável por mandar construir o Real Convento de Mafra que se tornou no mais importante monumento do barroco português, e cujos projectos e direcção da obra couberam ao ourives alemão, com formação de arquitectura em Itália, João Frederico Ludovice, e cujas obras se iniciaram em 1717 e terminariam em 22 de Outubro de 1730. No dia do 41º aniversário do Rei, procedeu-se à sagração da Basílica. Dois anos passaram sem filhos do seu casamento com D. Mariana d’Áustria, e fazendo o Rei promessa a Santo António, em 1711 começariam a nascer os cinco filhos. Então, o Rei mandou construir, em Acção de Graças, o Convento de Mafra, inaugurado em 1744 pelo Papa Bento XIV, do qual quatro anos mais tarde, VIRIA A RECEBER O TÍTULO DE SUA MAJESTADE FIDELÍSSIMA, EXTENSÍVEL AOS SEUS SUCESSORES.

Miguel Villas-Boas

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A púrpura e a pobreza

Com a elevação ao cardinalato do patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, cumpre-se uma antiga tradição, qual é a de honrar com esta dignidade o arcebispo metropolita da capital portuguesa. Os cardeais são, por assim dizer, os mais próximos conselheiros do papa no governo eclesial e, por isso, é comum atribuir-lhes a designação de príncipes da Igreja. A uma tal honra está associada a inerente responsabilidade e uma série de prerrogativas, algumas já caídas em desuso e outras – como o tratamento de ‘eminência’, a cor encarnada das vestes corais, etc. – ainda vigentes, embora talvez pareçam anacrónicas, senão mesmo em contradição com a pobreza evangélica, para a qual tão fortemente tem apelado o Papa Francisco.

Com efeito, o actual pontífice romano, depois de eleito, teve de escolher o nome que passaria a usar como sucessor do apóstolo Pedro. Como o prelado que se sentara a seu lado, durante o conclave, lhe sugerira que, no seu pontificado, não se esquecesse dos pobres, Jorge Bergoglio escolheu para si o nome de Francisco. Sendo jesuíta, houve quem pensasse que se referia a S. Francisco Xavier, o missionário da Companhia de Jesus que foi apóstolo na Índia e no Extremo Oriente. Mas depressa o sucessor de Bento XVI esclareceu que a razão do seu novo nome se prendia, não com este Francisco, mas com o de Assis. Advertiu também que queria uma Igreja pobre e, para frisar a necessidade do desprendimento, foi o primeiro a dar exemplo: usando uma cruz peitoral e um anel de prata, em vez do ouro que usaram os seus antecessores; trocando o apartamento pontifício por um quarto na casa de S. Marta; substituindo a limousine papal por um carro utilitário; prescindindo da residência de verão dos papas, em Castel Gandolfo, etc.

No contexto de uma Igreja pobre e para os pobres, não seria também lógico que se suprimisse a dignidade cardinalícia, cujas honras principescas parecem destoar da pobreza evangélica que o papa quer para si próprio e para todos os seus colaboradores, a começar pelos mais próximos? Sendo o colégio cardinalício de origem eclesiástica, nada obsta à sua eventual eliminação, que não poderia realizar-se se, porventura, fosse de instituição divina, como é, por exemplo, o episcopado. Portanto, da mesma forma como a Igreja entende que não pode aceitar a ordenação de mulheres, porque para tal não está mandatada pelo seu divino Mestre, também deveria entender que não se justifica a dignidade cardinalícia, que também não tem fundamento evangélico.

Se é salutar que todos os ministros ordenados, sejam eles diáconos, padres ou bispos, imitem a vida pobre, casta e obediente de Cristo, também convém que os cardeais procurem seguir o mesmo exemplo. Nem sempre foi assim – pense-se, por exemplo, nos cardeais Richelieu e Mazarino – mas há muito que, graças a Deus, as pompas e honrarias mundanas de que se rodeavam esses príncipes da Igreja deram lugar a um exercício mais sóbrio e evangélico da sua dignidade. Mas proceder à sua extinção não se justificaria, não só porque obrigaria a uma revisão do procedimento previsto para a escolha do sucessor de São Pedro, agora eleito pelos purpurados com menos de oitenta anos, mas também porque seria prejudicial para a colegialidade da Igreja. A colaboração dos bispos no governo eclesial universal ocorre por via dos concílios ecuménicos e dos sínodos mas, como estes eventos têm carácter extraordinário, é sobretudo através da participação habitual dos cardeais nos diversos departamentos do governo central da Igreja que se assegura essa colegialidade.

O Papa Francisco, ao universalizar o colégio cardinalício, tem procurado garantir a sua representatividade. Ao nomear cardeais alguns bispos de dioceses periféricas e de menos recursos, em detrimento dos provenientes de sedes episcopais a que tradicionalmente estava anexa a púrpura, o Bispo de Roma promove o regresso à simplicidade e pobreza evangélica do sacro colégio, ao mesmo tempo que valoriza as qualidades pessoais dos bispos que eleva à condição de seus mais próximos conselheiros e colaboradores na pastoral da Igreja católica.

Neste sentido, a eleição do patriarca de Lisboa justifica-se plenamente, não tanto pelo antigo privilégio da mitra olisiponense, mas pelos méritos pastorais – é bispo de Lisboa depois de o ter sido do Porto, as duas mais importantes cidades portuguesas – e pessoais – recorde-se que, entre outras muitas distinções, ganhou o prémio Pessoa – que atestam a excepcional valia eclesial e intelectual do agora novo cardeal.

Na realidade, não é só o titular da sé lisbonense, ou a arquidiocese da capital, ou a Igreja portuguesa que estão de parabéns, mas todo o país. Este reconhecimento papal dos méritos do presidente da conferência episcopal portuguesa e patriarca de Lisboa é uma grande honra para Portugal.  

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

Fonte: Observador

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Lisboa ao rubro


A elevação do Senhor Patriarca de Lisboa ao cardinalato reveste uma especial importância pastoral para a diocese que apascenta e para a Igreja portuguesa.

São conhecidas as razões históricas que, desde tempos antigos, reservam para o arcebispo de Lisboa a condição de patriarca – a par, no Ocidente, do bispo de Veneza – e a honra da púrpura cardinalícia. Os cardeais são, por assim dizer, o senado do Santo Padre, ou seja, os seus mais imediatos colaboradores no governo da Igreja universal. São também, por inerência, os eleitores do pontífice romano, sempre que se declare a santa sé vacante, por falecimento ou renúncia do papa, e se proceda ao conclave, em que só têm assento e direito de voto os cardeais com menos de oitenta anos.

A nomeação do Senhor Dom Manuel Clemente para o sacro colégio cardinalício é, portanto, uma grande honra para a Igreja portuguesa, que não em vão o escolheu para presidente da sua conferência episcopal, bem como para a diocese de Lisboa, a que preside. Contudo, seria errado pensar nesta elevação apenas em termos de honrarias ou títulos e tratamentos protocolares. Na Igreja, os cargos são, sobretudo, cargas e, portanto, o nosso Patriarca é agora chamado a actuar mais directamente no governo da Igreja universal, quer participando nos trabalhos dos diversos dicastérios romanos, quer ainda através da sua colaboração pessoal nos consistórios convocados pelo pontífice romano.

Se se tiver em conta que está em curso um ambicioso processo de reforma da cúria e dos organismos centrais da Igreja, não será descabido supor que a eleição cardinalícia, nestas actuais circunstâncias, reveste um relevante carácter histórico.

A instituição do cardinalato, embora pertença à tradição eclesial, não faz parte da Sagrada Tradição – como, por exemplo, o episcopado, o presbiterado e o diaconado – ou seja, não corresponde a uma vontade expressa e irreformável do divino fundador da Igreja. Portanto, com a mesma autoridade com que o Beato Paulo VI aboliu as ordens menores e o sub-diaconado, que eram de instituição eclesiástica, também outro papa poderia suprimir o colégio cardinalício que, com efeito, não é essencial à estrutura hierárquica do povo de Deus.

No entanto, parece conveniente que o Vigário de Cristo possa ter, entre os milhares de seus irmãos no episcopado, um grupo selecto de conselheiros que, de algum modo, representem o sentir da Igreja universal. Neste sentido, o Papa Francisco nomeou cardeais alguns bispos de sedes diocesanas a que não era suposta essa dignidade, preterindo dioceses cujo titular era, tradicionalmente, cardeal. Deste modo, o Papa pretende internacionalizar o colégio cardinalício e equilibrar também as representações das diversas Igrejas locais. O primeiro Papa do hemisfério sul está, portanto, a favorecer a internacionalização do colégio cardinalício. Vale a pena não esquecer que a Igreja é católica, ou seja, universal, e que esta sua característica deve estar patente em todos os níveis da sua organização.

Assim sendo, não será temerário afirmar que a eleição do Senhor Patriarca, mais do que a motivos de ordem histórica ou tradicional, obedece a razões de ordem pastoral e pessoal. A Igreja de Lisboa, de que nos honramos de fazer parte, não pode deixar de rejubilar com esta tão grande graça que lhe é dada pelo Santo Padre. Na absoluta certeza de que o Senhor D. Manuel corresponderá fidelissimamente a mais este chamamento do Senhor, resta pedir a Deus que este seu dom ao patriarcado de Lisboa reforce ainda mais a unidade e o dinamismo apostólico de toda a diocese, agora em caminhada sinodal, na renovada obediência e filial afecto ao seu bom Pastor.

P. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA

Fonte: Voz da Verdade

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

D. Manuel Clemente, o 44º cardeal português


D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, será feito cardeal amanhã, juntando-se aos outros dois portugueses que são conselheiros do Papa. Mais de 300 portugueses vão a Roma assistir.

Confiante e com espírito de serviço. É assim que os amigos descrevem o estado de espírito de D. Manuel Clemente que amanhã, ao final da manhã, receberá das mãos do Papa Francisco o anel e o barrete, símbolos cardinalícios que o tornarão no 44.º cardeal português. Com a entrada para o Colégio dos Cardeais, o patriarca de Lisboa junta-se aos dois portugueses que já integram este grupo de conselheiros do Papa: D. José Saraiva Martins e D. Manuel Monteiro de Castro.

«O grande lema da sua vida é: se a Igreja pede, eu aceito. E isso aplica-se tanto ao serviço mais discreto como ao de maior responsabilidade», lembra ao SOL o cónego Luís Alberto Carvalho, um dos melhores amigos de D. Manuel Clemente e que acompanha a sua caminhada desde 1973, ano em que ambos entraram para o seminário. Por isso, o colega de curso diz que o amigo vai encarar com «serenidade» a sua nova função na Igreja.

No Consistório público que decorrerá na Basílica de São Pedro, no Vaticano, D. Manuel Clemente e os outros novos 14 novos cardeais, farão ainda um juramento de fidelidade e obediência ao Papa. O patriarca de Lisboa será o segundo a receber de Francisco a bula de nomeação, onde consta o título cardinalício com a atribuição da Igreja de Santo António dos Portugueses, paróquia de Roma tradicionalmente confiada ao patriarca de Lisboa quando se torna cardeal. Nessa mesma igreja,  junto ao Colégio dos Portugueses, D. Manuel Clemente presidirá à sua primeira missa enquanto cardeal,  na segunda-feira.

Fonte: Sol

SAR, D.Duarte de Bragança investiu o Patriarca de Lisboa na Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa



S.A.R., o Senhor Dom Duarte de Bragança, investiu no dia 6 de Fevereiro na Sé de Lisboa Sua Eminência Reverendissima, o Senhor Dom Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, com a Grã Cruz da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

A cerimónia decorreu no final de uma celebração que decorreu no final da tarde na Sé de Lisboa.


Fonte: SAR O SENHOR DOM DUARTE DE BRAGANÇA

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

"Infames, infames!"

De pé, a Rainha D. Amélia, “armada” com um ramo de flores e dilacerada pela dor, grita para os covardes assassinos do seu marido e do seu filho -"infames, infames!"
Após uma estadia em Vila Viçosa, El-Rei Dom Carlos, a Rainha D. Amélia e o Príncipe Real D. Luís Filipe, regressam a Lisboa no final da tarde de Sábado, do dia 1 de Fevereiro de 1908, tendo desembarcado, por volta das 17h00m, na Estação Fluvial Sul e Sueste, onde eram aguardados por vários membros do governo, além dos infantes D. Afonso (irmão de D. Carlos) e D. Manuel, (filho de D. Carlos), que havia regressado dias antes, por causa dos seus estudos.
Apesar do clima de grande tensão que existia, D. Carlos - ao contrário de muitos políticos atuais que se escondem no interior de carros blindados e rodeados de guarda-costas - optou por seguir em carruagem aberta, envergando o seu uniforme de Generalíssimo, resumindo-se a escolta apenas aos batedores protocolares e a um oficial a cavalo. 
No Terreiro do Paço, às 17h 20m ouve-se um tiro após o que se inicia um forte tiroteio. Um homem descrito como “de barbas e mau aspecto” – Manuel Buíça, tira uma carabina que trazia escondida sob a sua capa, põe o joelho no chão e dispara para a rectaguarda do landau régio. O tiro mata o Rei D. Carlos - trespassa-lhe o pescoço, provocando-lhe morte imediata. Dispara um segundo tiro na mesma direcção, altura em que Alfredo Costa, sobe para o estribo da carruagem e atira duas vezes nas costas de Sua Majestade. O Príncipe Real D. Luiz Filipe, levanta-se imediatamente e dispara sobre o Costa, mas fica na mira de Manuel Buíça, que o fere mortalmente. Entretanto surgem mais tiros de diversos pontos, pois há vários atiradores espalhados na Praça - o landau, que transportava a família Real, fica cravejado de balas, disparadas pelos assassinos. 
regicidio-01.jpgA carruagem, conduzida por Bento Caparica, atingido numa mão, segue, a toda a velocidade, para o Arsenal da Marinha.
Para aqui é chamada a mãe d’El-Rei D. Carlos, a Rainha D. Maria Pia, que ao encontrar-se com D. Amélia parece ter dito “Mataram-me o meu filho” ao que D. Amélia terá respondido: “E o meu também”.
Foi neste dia que mataram a esperança!
Os implicados no Regicídio são: Manuel Buíça e Alfredo Costa (que morrem no local), Domingos Ribeiro, José Maria Nunes, Adelino Marques, Fabrício de Lemos, Ximenes, Joaquim Monteiro, todos com ligações à Carbonária, braço armado da Maçonaria, alguns, provavelmente iniciados na loja maçónica "Montanha". Há também mais implicados, considerados como autores morais, como por exemplo Aquilino Ribeiro e José Maria Alpoim, entre outros.
O objectivo deste atentado era a proclamação da república! Pela força…
33 meses após este crime de 1 de Fevereiro de 2008 - e menos de dois meses depois das eleições de 28 de Agosto de 1910, onde, num total de 147 (cento e quarenta e sete) deputados, os republicanos tinham conseguido eleger 14 (catorze) - é implantado, na cidade de Lisboa, o regime republicano, tendo o resto do país tomado conhecimento deste facto, por telégrafo…
quase 105 anos depois de ter logrado os seus objectivos de chegar ao poder, obtendo uma mudança por via revolucionária e não democrática pois os republicanos tinham resultados eleitorais insignificantes (e que, traduz, sem dúvida, a tão propagada “ética republicana”) o regime republicano (agora maquilhado de “3ª república”) vigora ainda hoje em Portugal sem nunca ter sido, sequer, referendado e encontrando-se blindado pois a forma republicana de governo é um dos aspectos que não podem ser alterados em sede de revisão da constituição (o que também diz muito sobre a dita “democracia da república”)…
A Europa ficou chocada e revoltada com o Regicídio, ou não fosse D. Carlos uma figura estimada pelos diversos Chefes de Estado europeus, sendo a imprensa europeia eco disso mesmo, atítulo de exemplo cito:
Berliner Tageblatt, Berlim, 3 de Fevereiro de 1908 - "Perante o absurdo atentado de Lisboa, só se podem proferir palavras de profundo horror: nenhuma palavra de desculpa, nenhuma frase céptica para embelezar os factos."
The Morning Post, Londres, 3 de Fevereiro de 1908 - "Foi cometido no sábado em Lisboa um crime que não tem paralelo no grau de horror que as notícias sobre ele irão provocar através do mundo civilizado."
Corriere della Sera, Roma, 3 de Fevereiro de 1908 - "Mas era um tirano o Rei que mataram? Tirano o jovem príncipe de 20 anos, exuberante primavera que só pode sorrir? Oh, retórica de Brutos, envenenados de frases, saturados de ódio imbecil. Mesmo se o Rei fosse culpado - e isso está longe de ser provado - e que o filho estivesse preparado para ser culpado arbitrariamente, as vossas pistolas e as vossas carabinas absolveram-nos."
Também hoje, eu declaro "infames, infames!" todos aqueles deputados - alguns dos quais ainda hoje se passeiam pelo parlamento - que no dia 1 de Fevereiro de 2008, precisamente um século após este bárbaro assassinato, rejeitaram o voto de pesar pela trágica morte de D. Carlos e do Príncipe Real D. Luís Filipe, proposto pelo deputado Miguel Pignatelli Queiroz. 
E esses deputados, sem qualquer pudor, coerência ou exame de consciência, defendem que a soberania reside no povo, que a exerce segunda as formas previstas na constituição (mas não se incomodam que o regime em vigor tenha sido imposto pela força e por meia dúzia, após o vil assassinato de um legítimo Chefe de Estado…), afirmam-se democratas (quando lhes convém, pois a república portuguesa que representam impôs-se fazendo, também, tábua rasa da vontade popular expressa em eleições…) e são acérrimos defensores dos direitos humanos (só para alguns casos, mas não para o bárbaro assassínio de um pai e de um filho, que seguiam num coche aberto, com a mulher daquele e mãe deste, armada com um ramo de flores…).
Para a história fica que os deputados do PS, do PCP, do BE e do PEV rejeitaram, em bloco, o voto de pesar sobre os cem anos da morte do Rei D. Carlos, que os grupos parlamentares das outras forças políticas concederam liberdade de voto e os deputados do CDS-PP e maioria dos deputados do PPD/PSD – com abstenção de sete deputados da bancada social-democrata, entre os quais, João Bosco Mota Amaral, Costa Neves, José Pedro Aguiar Branco, Emídio Guerreiro e Sérgio Vieira – votaram favoravelmente.
Para memória futura recorda-se algumas das, no mínimo lamentáveis, declarações proferidas pelos parlamentares, que não sufragaram o voto de pesar, pelo homicídio de um legítimo Chefe de Estado.
Alberto Martins, na altura líder da bancada do PS, afirmou que aprovar o documento seria dar «um voto contra a República» e que «Não nos cabe a nós julgar as pessoas na história, fazer qualquer juízo moral sobre a história ou reescrever a história».
Desde quando condenar um assassínio é um voto contra a república? E porque, na opinião deste deputado, não cabe aos representantes dos portugueses “fazer juízos morais” é que o país está como está…
Para Fernando Rosas, do Bloco de Esquerda, a Assembleia da República, não devia ter uma «posição oficial sobre o Rei D. Carlos ou sobre o Regicídio», pelo que recusava o voto de pesar, afirmando ainda que «Aprovar este voto seria vincular a Assembleia da República, fazer com que os órgãos do Estado tenham uma visão oficial sobre a história».
Mas a Assembleia da República aprovou um voto de pesar pelo falecimento, por exemplo, de Yasser Arafat (voto de pesar nº 220/IX de 18/11/2004) e de Hugo Chávez (voto de pesar nº 110/XII de 8/3/2013), assumindo, assim, uma posição a respeito de figura públicas – uma do Médio Oriente e outra de um país da América Latina - sobre as quais a história não é consensual nem pacífica…
António Filipe, do PCP, rejeitou o voto de pesar uma vez que recusava qualquer «tentativa de reescrever a história» ou de «ajustar contas com o passado» e que «Os factos históricos não podem ser objecto de julgamento político, que um século depois não faz qualquer sentido».
Sentir pesar pela morte de alguém é diferente de julgar e condenar nos tribunais os responsáveis por essa morte – isso sim, é que é ajustar contas com o passado…
Que El Rei D. Carlos e o Príncipe Real D. Luís Filipe descansem em Paz!...
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José Aníbal Marinho Gomes

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A RAINHA DONA AMÉLIA DE PORTUGAL – por Eça de Queiroz



“(…) A rainha de Portugal recebeu do céu favorável este dom de uma beleza adoçada de graça, qu’il fait bon de regarder, e que, só porque aparece, governa. E esta qualidade de mulher se torna social, quase se torna uma virtude de Estado, entre um povo, como o português, tão prontamente, tão finamente sensível à formosura, sobretudo quando ao prendedor encanto da presença se junta, como na rainha, para mais lhe alargar a irradiação, o espírito de sociabilidade, que ela herdou da sua raça e que foi sempre uma das elegâncias morais da sua casa. (...) Na Rainha de Portugal, este encanto de sociabilidade está todo na sua dignidade familiar, repassada de atenção, penetrada de sensibilidade, fácil em docemente se interessar, fácil em discretamente se igualar, mas séria e concertada, e que sempre um poeta um pouco precioso, como Carlos de Orleães, compararia ao arbusto grácil que se debruça, espalha perfume, derrama frescura, e logo formosamente retoma a sua elevação natural! A nós, Portugueses, povo de porte taciturno que durante séculos se embuçou sempre em grandes capotes e carregou sobre os olhos largos sombreiros, esta fácil, ridente, aberta e desembuçada sociabilidade desconcerta (…) O nosso velho escarpamento moral quase nos impossibilitava de compreender que uma afabilidade sempre activa e difusa, um interesse atento que todo se alvoroça, uma efusão em que se entrega a alma no lampejar de um sorriso, não proviessem do esforço da astúcia, para captar perfidamente a clientela dos simples… E, certamente, a simplicidade conversável da Rainha, a sua afluência de simpatia, a graça acolhedora da sua expressão surpreenderam, quase inspiraram desconfiança a este povo habituado, desde o estabelecimento da monarquia absoluta, a não separar majestade de imobilidade. E data este sentimento do Portugal restaurado, porque então se cimentou entre nós a hirta pragmática cesariana, deixada em Lisboa pela realeza de Espanha, que a herdara da Casa de Áustria. No tempo dos nossos velhos reis, ao contrário, todos os educadores de príncipes lhes ensinavam o alto dever real de comunicar docemente com o povo. Na sua «Doutrina ao Infante D. Luís», o douto humanista Lourenço de Cáceres gravemente lhe recomenda “que se não aparte da afabilidade nem dê pouca parte de si ao povo, pois que não há erro mais nocivo para quem seja de senhorear ânimos portugueses!” E D. Aleixo de Menezes, na sua fala e despedida sublime a el-rei Dom Sebastião, lança estas grandes palavras: “o excesso de afabilidade, senhor, não compromete a autoridade do príncipe… Mas muitos príncipes, relaxando a sua autoridade com os validos e conservando trato altivo para o seu povo, vieram a ser aborrecidos de uns e desestimados de outros.» Hoje, deus louvado, na nossa sociedade tão igualada como um campo de restolho, já não existe possibilidade para reis «de trato altivo».
(…) Esta afabilidade transparente da rainha permite que se distingam alguns modos do seu pensar e modos do seu sentir, sempre tão difíceis de perceber em príncipes, pois que três opacas muralhas os dissimulam: a etiqueta, o resguardo contra a familiaridade e a timidez, inconveniente tão congénere em príncipes que não faltou a Luís XIV nem a Augusto! Ora, de muitas mulheres, sobretudo de muitas rainhas, apenas se relatou a sua elegância e a sua gentileza – logo se findou a sua curta e mundana história. Na Rainha, porém, para além do brilho visível, existe ainda um harmonioso conjunto de ideias e de sentimentos, interessantes de estudar pela sua elevação e rectidão – e ainda porque, pertencendo a uma Rainha de Portugal, esses pensamentos e esses sentimentos, beneficamente reverterão, como diz a nossa velha lei, «em prol do comum e aproveitança da terra».
O que logo surpreende e cativa na Rainha é a sua completa e carinhosa nacionalização portuguesa; e, no entanto, bem sabemos, nós todos que lidamos com a história, quanto a flor-de-lis é flor difícil de enxertar! Mas aqui o lírio de França mergulhos tão profundamente a raiz no torrão português e tão gratamente absorveu a sua substância que, hoje, na forma, na cor, no aroma, já se não diferença de qualquer fresca e genuína rosa de Portugal. A Rainha ama a nossa terra como se dela houvesse brotado.”

Fonte: Plataforma de Cidadania Monárquica

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Um dia depois

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Passou um dia... Já então se trocavam acusações e se depurava. Quão singular e monotonamente se repetem os factos históricos!
Exemplifiquemos: em 1903, Emídio Navarro, um influente político da Bairrada, pedia, furioso, explicações a El-Rei D. Carlos ao saber o seu nome preterido da lista de novos pares do Reino, por alegada indicação de Sua Magestade. O que fora um Seu grande entusiasta assim se transfigurava num repetino assanhado inimigo.
Já em tempos recentes testemunhei a metamorfose de um ou outro menino, com pezinhos de moço-fidalgo levando aos seus lugares os convidados, no casamento de SAR o Senhor D. Duarte, agora denodados defensores de rocambolescas alternativas dinásticas! Eles lá saberão porquê...
Na sua obra ímpar - D. Carlos - Rui Ramos sustenta quue o monarca e o Príncipe Real morreram às mãos dos republicanos e dos dissidentes. Aqueles conhece-se bem quem são; estes, nem tanto. Há-os até tentando colar Sua Magestade a cenários perfeitamente descabidos. Vale tudo e tudo cabe debaixo do manto imenso do Senhor D. João VI, no qual se supunha Ele envolto e sepulto. 
El-Rei morreu barbaramente assassinado. Mas sem a sofisticação com que hoje se escavaca um Ideal. Decerto porque entre instigações e cumplicidades, há um século como actualmente, a Maçonaria semeia, colhe e goza os réditos do seu labor.

João Afonso Machado

Fonte: Corta-fitas

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Tela de D. Luís de Portugal está patente no Museu de História e Arte do Luxemburgo

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A permuta de quadros entre Portugal e o Luxemburgo levou a ministra da Cultura do Grão-Ducado a Lisboa para a apresentação de uma tela cedida pelo Museu Nacional de História e Arte do Luxemburgo ao Museu de Arte Antiga. Uma apresentação em que estiveram também D. Duarte Pio, duque de Bragança, e o ex-ministro Rui Vilar. Esta quinta-feira, é a vez de o museu luxemburguês exibir a obra cedida a título temporário pelo museu de Arte Antiga em Lisboa

O quadro “O Casamento Místico de Santa Catarina”, de Bartolomé Murillo, oferecido a D. Luís de Portugal pela Rainha Isabel II de Espanha, já está no Luxemburgo e vai poder ser visto a partir de ontem,  quinta-feira, no Museu Nacional de História e Arte, na capital luxemburguesa.
A tela chegou ao Luxemburgo no âmbito da iniciativa “Obra Convidada”, lançada pelo Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, que permite expor no museu português obras-primas das mais importantes colecções de arte do mundo.
Em troca, o museu luxemburguês cedeu ao Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa, a título temporário, a pintura “Baco, Vénus e Cupido”, do italiano Rosso Fiorentino (1494-1540). Uma parceria que levou na quinta-feira passada a Lisboa a ministra da Cultura do Luxemburgo, Maggy Nagel (na foto), para assistir à apresentação da tela cedida pelo museu luxemburguês.
Esta quinta-feira, é a vez de o Museu Nacional de História e Arte do Luxemburgo inaugurar a mostra do quadro cedido por Portugal.
Considerado “uma das mais excepcionais obras de juventude” de Murillo, pintor barroco espanhol do século XVII, o quadro que os portugueses no Luxemburgo vão poder ver até 10 de Maio tem uma história curiosa. A Rainha Isabel II de Espanha ofereceu duas telas com a mesma representação do casamento místico de Santa Catarina assinadas por Murillo, uma ao Papa Pio IX e outra ao Rei D. Luís de Portugal, durante uma visita do monarca português ao país vizinho, em 1865.
Em 1950, o restauro da tela pertencente ao Vaticano, bem como estudos radiográficos, revelaram que o quadro oferecido ao Papa pela rainha espanhola em 1855 era afinal uma falsificação. O original, segundo os especialistas, é a obra de Lisboa, oferecida dez anos depois pela Rainha Isabel II de Espanha ao Rei D. Luís de Portugal.
No Luxemburgo, a exposição do quadro é completada por uma Sagrada Família, do aprendiz de Murillo Francisco Meneses Osorio (1630-1705), que faz parte da colecção do museu luxemburguês.
A inauguração da mostra no Luxemburgo, com entrada livre, é esta quinta-feira, dia 29 de Janeiro, às 18h. A cerimónia vai contar com a presença da ministra da Cultura do Luxemburgo e com um concerto de guitarra portuguesa, com João Godinho e Paulo Cartaxo.
Até 10 de Maio, o Museu Nacional de História e Arte do Luxemburgo, situado no Marché-aux-Poissons, organiza ainda três conferências sobre arte portuguesa.

Fonte: wort
Publicado por: Monarquia Portuguesa